Pesquisadores refutaram uma teoria defendida há muito tempo sobre como algumas bactérias sobrevivem aos antibióticos e abriram as portas para novos tratamentos para combater as bactérias resistentes, segundo estudo publicado nesta quinta-feira nos Estados Unidos.
Utilizando uma técnica chamada "microfluidos", os cientistas revelaram que, ao contrário da explicação existente há mais de 50 anos, a bactéria resistente continua se dividindo e crescendo e, que, às vezes, morre.
A velha teoria indicava que as bactérias que sobreviviam eram aquelas individuais que paravam de crescer e de se dividir.
- A população bacteriana que persiste, no entanto, é muito dinâmica, e as células que a constituem estão em constante mutação, apesar de o número total de células se manter - explicou o microbiólogo Neerak Dhar.
Esta é uma informação crucial, enfatizam os autores do estudo, e poderá ajudar os cientistas a desenvolver novas terapias para cepas bacterianas mais difíceis de combater, como a tuberculose multirresistente.
- Uma população geneticamente idêntica se compõe de bactérias individuais com um comportamento amplamente variável - afirmou o pesquisador que liderou o trabalho, John McKinney.
Os pesquisadores da Escola Politécnica Federal Suíça, em Lausanne, estudaram uma bactéria relacionada com outra causadora da tuberculose e a submergiram em um fluido que continha isoniácidos, um agente que acaba com essa doença. Descobriram, então, que a bactéria produzia apenas uma enzima chamada de KatG, necessária para o antibiótico trabalhar contra ela, de uma forma intermitente.
O fato de quando e como a bactéria deixa de se dividir não está relacionado de maneira estreita com o momento em que ela morre, afirmaram os cientistas. No entanto, a sobrevivência da bactéria em qualquer momento é determinada pelo fato de produzir ou não a enzima em questão. Como em algum momento certas bactérias não produziam esta enzima, a população inteira de bactérias era capaz de sobreviver.
Futuras pesquisas se centrarão em outros micróbios, incluindo a bactéria que causa a tuberculose e a Escherichia coli, assim como, de forma diferente, em certas células cancerígenas que resistem ao tratamento.
- Este é um novo enfoque para tentar decifrar por que algumas infecções são tão difíceis de eliminar - afirmou McKinney, assegurando que as técnicas já estão em uso em colaboração com empresas farmacêuticas, para desenvolver novos antibióticos.