Para alcançar os Objetivos do Milênio - lançados pela Organização das Nações Unidas em 2000 - no que diz respeito à alfabetização, o Brasil precisa mais do que estreitar o foco somente no conteúdo passado para o estudante em sala de aula. Um país que pretende ser protagonista no cenário mundial e tem quase 13 milhões de analfabetos e 30,5 milhões de analfabetos funcionais - aqueles com mais de 15 anos de idade e menos de quatro anos de estudo, que leem, mas não entendem - necessita prestar atenção também nos porquês de muitos estudantes não absorverem o conteúdo.
Este é o posicionamento do presidente do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Canrobert Oliveira, manifestado em no Dia Nacional da Alfabetização, 14 de novembro.
- A qualidade e a quantidade de visão dos alunos, em alfabetização, é um aspecto importante a considerar - sublinha o médico.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que quase 1 milhão de crianças brasileiras, com até nove anos de idade, apresentam algum grau de deficiência visual. Essas crianças estão indo à escola, mas, muitas vezes, não estão absorvendo o conteúdo. Por isso, os professores e os pais têm um papel decisivo na evolução intelectual dos alunos, uma vez que os problemas de visão, não raro, alteram também o comportamento da criança e seu relacionamento em sala de aula.
O impacto social e econômico deve ser considerado, porque essas crianças também serão adultos que vão faltar ao trabalho mais vezes, uma vez que vão necessitar de mais consultas oftalmológicas e poderão ficar limitados no seu espectro de oportunidades de trabalho.
Saiba mais sobre as dificuldades de visão mais comuns em sala de aula:
:: Miopia - o estudante apresenta dificuldades para enxergar à distância. Quando detém-se ao material dos livros e cadernos, normalmente o aluno sente-se confortável. Porém, dependendo do grau de miopia, se o estudante não for corrigido, pode parecer confuso e o material apresentado pelo professor dificilmente será compreendido, pois ele não enxergará direito nem o conteúdo passado, nem o próprio professor.
:: Hipermetropia - o aluno precisa fazer um grande esforço visual para enxergar. Normalmente, a hipermetropia não corrigida leva o estudante a desenvolver-se mais lentamente em comparação com os demais colegas e, segundo o médico, pode apresentar sintomas como dor de cabeça e cansaço visual.
:: Astigmatismo - a principal característica é a dificuldade para enxergar tanto de perto quanto de longe, associado a um extremo cansaço visual, reclamado pela criança que também se queixa frequentemente de dor de cabeça e dor nos olhos. Esta situação leva ao baixo rendimento escolar e as notas são uma evidência de que há problemas a investigar.