A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) participam de uma pesquisa desenvolvida pelo Ministério da Saúde para avaliar a qualidade de vida dos brasileiros. O estudo, que envolve outras três capitais brasileiras - Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro -, tem por objetivo entender como a população brasileira avalia "estados" de saúde. Os resultados podem servir como ferramenta para auxiliar na tomada de decisões em políticas públicas, beneficiando tanto os usuários da rede pública como do sistema de saúde suplementar.
A psiquiatra Luciane Cruz, que coordena o projeto em Porto Alegre juntamente com Carisi Anne Polanczyk, explica que a pesquisa adapta à realidade brasileira o padrão EQ5D, instrumento usado na Inglaterra para dimensionar a efetividade de serviços em saúde.
- O questionário avalia a visão sobre o próprio estado de saúde da pessoa, abrangendo dimensões como capacidade funcional, mobilidade, dor e depressão - exemplifica Luciane.
Para o estudo, entrevistadores treinados e identificados vão visitar domicílios, convidando os moradores a responderem as perguntas. O processo de seleção dos domicílios é aleatório e baseado em censos do IBGE, para garantir representatividade da população em vários aspectos. A faixa etária dos entrevistados será dos 18 aos 64 anos. A coleta de dados acontece até o mês de agosto e serão entrevistadas cerca de 900 pessoas na Capital. No total, a pesquisa deverá ouvir 6 mil brasileiros entre as quatro capitais envolvidas.
Especialista em qualidade de vida, a pesquisadora do Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde entende que a pesquisa poderá ajudar a avaliar a efetividade de diferentes programas de saúde pública.
- Com aplicação no início e no fim dos programas, a pesquisa permitiria verificar as modificações na percepção dos entrevistados sobre os diferentes estados de saúde avaliados - considera.
A preocupação com os níveis de satisfação da população em relação à saúde e à qualidade de vida tem sido objeto de diferentes iniciativas pelo mundo e em várias cidades brasileiras. Conheça outro índices semelhantes:
:: Índice de Bem-estar
Iniciativa da Unimed Porto Alegre, coordenada pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), busca criar indicadores de qualidade de vida na Capital, por meio da pesquisa Índice de Bem-estar (IBE), criada em 2009. A pesquisa busca sensibilizar médicos, lideranças empresariais, famílias, governos e a sociedade em prol do bem-estar, estimulando práticas benéficas à saúde.
O IBE abrange diferentes áreas de conhecimento que têm diferentes entendimentos do que é bem-estar, como medicina, sociologia, educação física, nutrição e psicologia. Na edição mais recente, realizada em 2010, foram 541 entrevistados, 43% homens e 57% mulheres. O estudo avaliou 12 dimensões da vida dos entrevistados: Bem-Estar Psicológico, Convívio Social, Avaliação da Vida, Relação com o Trabalho, Autonomia e Liberdade, Hábitos Alimentares, Bem-Estar Físico, Acesso Básico, Cultura e Lazer, Meio Ambiente, Espiritualidade e Governo.
:: FIB em Bento
O FIB em Bento integra o projeto FIB no Brasil, movimento para a mobilização social em prol do bem-estar coletivo e do desenvolvimento local e sustentável, inspirado no indicador de Felicidade Interna Bruta (FIB) de Butão, um pequeno país no Himalaia. O índice considera aspectos para nortear o desenvolvimento sustentável de uma região como padrão de vida, saúde, educação, cultura, vitalidade comunitária, uso equilibrado do tempo, ecologia, boa governança, e bem-estar psicológico.
Em Bento Gonçalves, o projeto-piloto do FIB é aplicado desde 2011, no bairro Municipal. O projeto conta com diversos módulos: um voltado para crianças, outro para os professores das escolas localizadas no bairro, outro para os jovens e outro para os moradores em geral. Já foram realizadas atividades como mutirões de limpeza com conscientização ambiental e ações de integração da comunidade. Um projeto social será implantado no bairro, contemplando projeto de revitalização, com investimentos da prefeitura.
:: Movimento Mais Feliz
O Movimento Mais Feliz, que reúne cerca de 700 entidades que buscam difundir a felicidade como norteadora de políticas públicas no âmbito de cidades sustentáveis, criou o aplicativo Myfuncity para medir a felicidade da população em tempo real. Segundo o criador do movimento, Mauro Motoryn, cidades melhores pressupõem uma atividade pública com participação popular e com sugestões da população para a elaboração de programas de governo, por isso a ideia do aplicativo colaborativo. A base do aplicativo foi o indicador Felicidade Interna Bruta (FIB), criado no Butão, pequeno reino da Ásia, encravado na Cordilheira do Himalaia.