O bilionário Bill Gates e sua esposa doaram 220 milhões dólares em cinco anos para a pesquisa de vacinas contra a tuberculose, informou nessa quinta-feira a empresa americana Aeras, a maior empresa de biotecnologia do mundo sem fins lucrativos. A Fundação Bill e Melinda Gates doou o dinheiro para a Aeras, que em suas sedes nos Estados Unidos e na África do Sul desenvolveu seis possíveis vacinas contra a tuberculose, já em fase de testes na África, Ásia, Europa e América.
"Este novo investimento deve ser visto como um apelo à ação para combater uma das doenças mais mortais do mundo. Esse dinheiro permitirá à Aeras expandir suas parcerias existentes na Europa, África, China e em outras partes do mundo (...) o que vai acelerar o desenvolvimento de vacinas contra a tuberculose seguras e eficazes", indicou em um comunicado Jim Connolly, diretor executivo da Aeras, com sede em Rockville (Maryland), perto de Washington DC.
Um total de 8,8 milhões de pessoas no mundo sofreram desta doença pulmonar infecciosa em 2010 e 1,4 milhões morreram, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS estima que o custo econômico global da tuberculose é de 12 bilhões de dólares por ano, com a Índia e a China representando mais da metade deste custo.
De acordo com o diretor da Aeras, esta doença infecciosa apresenta um desafio aos cientistas de todo o mundo. No geral, os pesquisadores acreditam que serão necessários mais de 1 bilhão de dólares nos próximos cinco anos para combater a doença.
No Brasil, desafio é reduzir o abandono do tratamento
Diminuir a taxa de abandono do tratamento contra a tuberculose é o principal desafio do Brasil no combate à doença, segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Draurio Barreira. De acordo com dados do ministério, nove em cada 100 pacientes que iniciam o tratamento não o levam até o fim. O máximo tolerável para a OMS é quase a metade: cinco em cada 100.
Embora a taxa de incidência da tuberculose venha caindo no país nas últimas décadas - atualmente é 37,7 casos para 100 mil habitantes - ainda morrem a cada ano cerca de 4,8 mil brasileiros em função da doença, na maior parte das vezes porque o paciente não concluiu o tratamento.
- O número de mortes por tuberculose no país representa apenas um décimo da mortalidade mundial, mas é um número absoluto que nos preocupa, porque se trata de uma doença que tem diagnóstico simples, tratamento altamente eficaz e medicamento gratuito oferecido pelo SUS [Sistema Único de Saúde] - comenta Barreira.
A adesão ao tratamento, que leva em média seis meses, é fundamental para quebrar a cadeia de transmissão da doença e evitar o aumento de resistência da bactéria causadora da enfermidade, o bacilo de Koch.
Sobre a doença
:: A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
:: Na maioria dos infectados, os sinais mais frequentemente descritos são tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue; cansaço excessivo; febre; falta de apetite; palidez; emagrecimento acentuado; rouquidão; fraqueza; e prostração.
:: A transmissão é direta, de pessoa a pessoa. Pessoas com aids, diabetes, insuficiência renal crônica, desnutridas, idosos doentes, alcoólatras, viciados em drogas e fumantes são mais propensos a contrair a tuberculose.
:: O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, sem interrupção, diariamente, com a utilização de quatro fármacos.
:: A vacina BCG é a principal forma de prevenção. Evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar é outra medida.
Fonte: Ministério da Saúde