Após as doses restantes de vacinas contra covid-19 no Rio Grande do Sul terem vencido na última sexta-feira (18), o Estado deverá receber nova remessa até sexta-feira, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES). O estoque de Porto Alegre está zerado, e a pasta afirma não ter como precisar a situação nos outros municípios gaúchos.
Segundo o Ministério da Saúde, 1,2 milhão de doses da monovalente XBB, da Moderna, serão distribuídas aos Estados nesta semana. “O quantitativo é parte de compra emergencial das vacinas mais atualizadas contra a doença realizada em maio deste ano”, pontua a pasta em nota enviada à Zero Hora. A previsão da diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, é de que o RS receba, ao menos, 50 mil doses.
— Virão outras (remessas). O lote vai ser da vacina Moderna, que é a mesma para crianças e adultos, o que varia é o volume da dose — afirma.
O Estado não recebe um novo lote de vacinas contra covid-19 para menores de 12 anos há cinco meses. A última remessa foi enviada em 17 de junho. Para adultos, as últimas doses chegaram em 19 de setembro, com o prazo de validade para o dia 18 de outubro. Restaram no estoque da SES seis mil doses que venceram na última semana.
Tani afirma que a nova carga terá prazo de validade estipulado para 2025, o que, segundo ela, permitirá que os municípios tenham tempo hábil para receber e administrar as doses.
— As últimas vezes que recebemos vacinas, elas tinham um tempo muito curto de validade. A rede, às vezes, não gosta nem de receber, porque, no fim, se não tem uma grande procura, acaba tendo que desprezar essas quantidades de vacinas. Então essa validade longa nos deixa um pouco mais seguros, para que possamos trabalhar com a população e tenhamos um aumento da cobertura vacinal — pontua.
Cobertura vacinal insatisfatória
No Rio Grande do Sul, a cobertura vacinal monovalente, para quatro doses, é de 23,52% e a cobertura vacinal bivalente é de 21,51%, conforme painel do Ministério da Saúde, números considerados insuficientes para o presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI), Alessandro Pasqualotto.
Para ele, o ideal é que todas as pessoas em grupos de risco sejam vacinadas, mas que já seria satisfatório se a cobertura superasse os 70%.
— É muito abaixo do esperado. E o que se espera nesse contexto é que se fortaleçam as campanhas de divulgação da importância da vacina, porque hoje a covid-19 continua matando muita gente, em geral pessoas mais vulneráveis. Não é como era no passado, quando a população como um todo estava sob risco — ressalta.
No Brasil, até a Semana Epidemiológica 41, com dados até o dia 17 de outubro, mais de cinco mil mortes foram registradas. No Rio Grande do Sul, até a Semana Epidemiológica 42 (entre 13 e 19 de outubro), 1,4 mil pessoas foram hospitalizadas por causa da doença e 320 óbitos foram registrados. No mesmo período do ano passado, eram 2,7 mil internações hospitalares e 635 mortes no Estado.
Para Pasqualotto, entre os motivos para a baixa cobertura vacinal estão a baixa motivação para se proteger contra a covid-19, e a falta de campanhas expressivas. Neste sentido, a combinação de baixo estoque vacinal e pouca procura pelo imunizante podem parecer incoerentes:
— Mas essa é uma questão de gestão. Cabe ao poder público calcular quantas doses de vacina são necessárias e fazer um programa de distribuição dessas vacinas e um estímulo à vacinação para que as vacinas cheguem nas pessoas. É por isso que as sociedades médicas têm vindo a público para pressionar o sistema e as pessoas responsáveis para que deem uma satisfação.
Confira a nota na íntegra do Ministério da Saúde:
"O Ministério da Saúde começa a distribuir aos estados nova remessa de 1,2 milhão de doses da vacina contra covid-19 nesta semana, regularizando os estoques para vacinação de crianças. O quantitativo é parte de compra emergencial das vacinas mais atualizadas contra a doença realizada em maio deste ano com objetivo de garantir a máxima proteção da população.
Novo pregão foi concluído recentemente para aquisição de mais de 60 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, garantindo proteção contra cepas atualizadas pelos próximos dois anos. As entregas pelos fabricantes serão realizadas de forma parcelada, conforme a adesão da população à vacinação e as atualizações aprovadas pela Anvisa.
A cobertura vacinal contra a covid-19, consolidada desde o início da campanha, indica que 86% da população brasileira completou o esquema vacinal com duas doses. Atualmente, os esquemas primários de vacinação são recomendados, rotineiramente, para o público prioritário – pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde e crianças, entre outros. Também é indicada para a população que não completou o esquema vacinal."