Com a chegada do período de férias de inverno e a proximidade dos Jogos Olímpicos em Paris, que acontecem a partir de 26 de julho, especialistas e autoridades reforçam a importância da vacinação contra o sarampo, levando em consideração o cenário de alerta mundial. O número de casos da doença vem aumentando em vários países.
Nos últimos 12 meses, foram registrados mais de 5,7 mil casos na Europa. Nesse período, houve 347 casos na França, sede das Olimpíadas 2024. Na América, houve registros em países vizinhos ao Brasil: Argentina, Bolívia e Peru. E, nos Estados Unidos, já há mais de 150 notificações. Os dados são da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul (SES), que lançou uma nota neste domingo (7) recomendando a vacinação.
De acordo com a médica infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Caroline Deutschendorf, o sarampo afeta todas as faixas etárias e pode levar à morte. As crianças menores de um ano são as que correm mais riscos de complicações e evolução a óbito.
— Em locais com baixa cobertura vacinal, a disseminação do vírus é muito ampla. Dentro das doenças infectocontagiosas, o sarampo é uma das que tem maior risco de transmissão, e com mais velocidade. Portanto, é muito importante estar com essa proteção. A vacina é simples e efetiva, e vai garantir que adultos e crianças fiquem protegidos — afirma a especialista.
Entre os principais sintomas, além de febre e manchas vermelhas que começam geralmente na face e vão descendo para o tronco e membros do corpo, a pessoa infectada apresenta problemas respiratórios, como tosse, coriza e conjuntivite. Em maio deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre o avanço do sarampo em nível global.
Os casos notificados aumentaram 94% em 2024 em relação ao ano passado. Por isso, é fundamental que as pessoas que vão viajar ao Exterior nas próximas semanas estejam com a carteira de vacinação atualizada.
Orientações sobre vacinação
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à toda a população a partir de um ano em todas as unidades de saúde. O imunizante é indicado para grupos entre um e 29 anos (duas doses da vacina tríplice viral) e entre 30 e 59 anos (duas doses).
Para garantir proteção efetiva, a orientação é tomar a vacina até, pelo menos, 15 dias antes de embarcar. Segundo Caroline, agora é o momento ideal para buscar a vacinação, no caso daqueles que pretendem viajar para acompanhar as Olimpíadas. As orientações valem também para quem não teve a doença na infância e para aqueles que não se lembram se foram imunizados.
A recomendação é que essas pessoas verifiquem a carteira de vacinação o quanto antes. Se a pessoa não tem caderneta de vacina e não se recorda se tomou a vacina ou não, o ideal é aplicar uma dose.
— É importante guardar todos os registros de vacinação. Para quem não tem certeza se tomou a vacina ou não, é seguro fazer outra dose para garantir, mesmo que a pessoa já esteja imunizada. A vacina existe há muitos anos e é segura — destaca a médica infectologista.
No Rio Grande do Sul, os últimos registros de sarampo ocorreram em abril de 2020. Entretanto, já foram verificados casos importados nesse período. Em janeiro deste ano, a doença foi diagnosticada no RS em uma criança, que contraiu o vírus em um país asiático. Após verificação e atualização da situação vacinal de todos aqueles que tiveram contato com a criança, foi possível evitar a transmissão da doença, conforme a SES.
Em 2016, o país chegou a receber o certificado de eliminação da circulação do vírus. Depois, houve um surto na Venezuela. Esse fato, associado às baixas coberturas vacinais, propiciou a reintrodução do vírus no Brasil, o que levou à perda do certificado após um ano de circulação do microrganismo. Agora, o Brasil está em processo de solicitação da recertificação.