Uma fiscalização do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) apontou situação precária no Hospital de Alvorada, na Região Metropolitana. A vistoria ocorreu na quinta-feira (4), após denúncias de irregularidades e notificação da vigilância sanitária do município.
Conforme o Simers, o hospital apresenta condições precárias e falta de insumos básicos que colocam pacientes em risco.
— Faltam exames básicos, como de urina, hemograma. Falta de higienização do hospital, de formulários para requisição de exames, de receituário para os medicamentos. As escalas continuam com muitos pontos de lacuna de profissionais — elenca o vice-presidente do sindicato, Fernando Uberti.
Responsável pela administração do hospital desde abril, a Associação Beneficente João Paulo II também foi autuada pela vigilância sanitária de Alvorada. A notificação menciona interdição total do estabelecimento e multa, mas dá prazo de 15 dias úteis para a administradora recorrer antes de qualquer medida.
Em nota, a associação informou que, ao longo dos 15 dias, "os serviços da unidade hospitalar seguem sendo oferecidos à população normalmente". Além disso, garantiu que "todos os procedimentos são conduzidos com a máxima transparência e seriedade".
Também por meio de nota, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que, após a interdição feita pela Vigilância Sanitária municipal, chegou a ser cogitado o fechamento do hospital. Porém, "isso significaria deixar mais de 200 mil pessoas sem atendimento de urgência e emergência. Por isso, buscou-se um encaminhamento que preservasse o atendimento".
"Risco à saúde das pessoas", cita vice-presidente do Simers
O hospital está, segundo a SES, sob a gestão temporária (180 dias) da Associação Beneficente João Paulo II. O processo para a publicação do edital que trata da contratação de uma gestão definitiva, a partir de outubro, está em andamento. A situação neste momento, porém, preocupa o Simers.
— A partir do momento em que a vigilância sanitária do município solicita uma interdição do hospital, é evidente que há um risco à saúde dessas pessoas e temos uma situação de desassistência confirmada no município de Alvorada — reforçou Uberti.
Responsável pela vigilância sanitária, que determinou a interdição, a prefeitura de Alvorada foi contatada pela reportagem de Zero Hora e não se manifestou sobre a autuação e seus motivos.
Confira nota da Associação Beneficente João Paulo II na íntegra
"O CHS Alvorada informa que recebeu, nesta quarta-feira (4), uma notificação do Centro de Vigilância Sanitária, órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde, onde foi designado um prazo de 15 dias úteis para apresentação de esclarecimentos. Reiteramos a nossa disposição em trabalhar com as autoridades competentes para esclarecer a situação. Ao longo desse prazo, os serviços da unidade hospitalar seguem sendo oferecidos à população normalmente. Garantimos que todos os procedimentos são conduzidos com a máxima transparência e seriedade, e que nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de nossos pacientes e suas famílias é absoluto. Continuaremos trabalhando incansavelmente para garantir que nossos padrões de cuidado e atendimento sejam sempre os mais elevados possíveis. Estamos à disposição para fornecer informações adicionais e esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir. É de extrema importância para garantir que a população tenha confiança nos serviços prestados pelo Hospital de Alvorada."
Confira nota da SES na íntegra
"A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informa que o Hospital Alvorada segue em funcionamento, com portas abertas à população, enquanto são apuradas eventuais irregularidades. Isso foi decidido nesta sexta-feira (5), em reunião realizada entre a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), o Ministério Público, a administração da instituição e representantes do município.
Desde abril, o hospital, que pertence ao Estado, está sob a gestão temporária (180 dias) da Associação Beneficente João Paulo II, conforme definido em um processo seletivo público. A Secretaria da Saúde mantém contato permanente com os atuais administradores para a solução de problemas.
Após a interdição feita pela Vigilância Sanitária municipal, chegou a ser cogitado o fechamento do hospital, mas isso significaria deixar mais de 200 mil pessoas sem atendimento de urgência e emergência. Por isso, buscou-se um encaminhamento que preservasse o atendimento.
Está tramitando o processo para a publicação do edital que trata da contratação de uma gestão definitiva para o hospital, a partir de outubro.
A Secretaria da Saúde mantém ativo seu papel de ente fiscalizador, tomando as medidas cabíveis, conforme estabelecido em contrato."