As plantas alimentícias não convencionais (pancs) têm ganhado espaço no cardápio dos brasileiros. Como o próprio nome sugere, as pancs são espécies ou partes de plantas que podem ser consumidas, mas que não aparentam ser comestíveis. Incluir esses alimentos na rotina pode trazer uma série de benefícios para a saúde, além de contribuir para uma alimentação diversificada.
A capiçoba é uma delas. De acordo com o e-book Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANC: resgatando a soberania alimentar e nutricional, feito por pesquisadoras da Universidade de Caxias do Sul (UCS), a espécie é nativa da América do Sul, com florescimento em áreas úmidas e com boa luminosidade do sol, especialmente em regiões que vão do México à Argentina.
Rica em proteínas, a planta pode ser utilizada como acompanhamento de saladas, preparação de temperos e patês ou recheio de bolinhos. Segundo o e-book, a capiçoba foi introduzida em ilhas do Oceano Pacífico e tornou-se uma espécie invasora na Ásia Tropical e na região norte da Austrália.
Para que serve a capiçoba
As folhas e o talo da capiçoba são ricas em ferro, zinco, fósforo e vitamina A, apresentam alto teor de proteínas. A panc é uma importante fonte de reposição para estes mineiras que desempenham funções cruciais ao organismo humano. É o caso da síntese do DNA e do desenvolvimento cerebral, no caso do zinco; a composição dos ossos e dentes realizada pelo fósforo, e o transporte do oxigênio dos pulmões para os demais órgãos, responsabilidade do ferro.
Uma panc é caracterizada por não ser comumente cultivada como outras plantas que costumam fazer parte do cardápio dos brasileiros. Apesar de não ser facilmente encontrada nos supermercados, ela pode ser semeada em casa. É possível encontrá-la, também, em hortas comunitárias e terrenos baldios.
— Em primeiro lugar, é preciso saber reconhecer a espécie. Se encontrar na rua e tiver certeza de que é planta correta, pode coletar e lavar bem antes de consumir. Em terrenos baldios, é importante cuidar se animais não costumam defecar no local — aconselha Valdirene Camatti Sartori, professora da UCS e uma das pesquisadoras envolvidas no e-book sobre pancs.
A capiçoba também possui outros nomes populares, que variam de acordo com a região onde é encontrada. A planta pode ser conhecida como serralha brava e caruru amargoso.
Como preparar a capiçoba
Com sabor picante e aromático, a capiçoba pode ser consumida refogada ou frita. Suas folhas picadas podem ser utilizadas para a composição de patês que servem como acompanhamento de pães, seu caule também pode ser aproveitado como condimento para sopas e escondidinhos.
No e-book da UCS, destaca-se a utilização da planta para rechear bolinhos e acompanhar saladas de rúcula e salsa. Para os bolinhos assados, são necessárias 200 gramas de folhas picadas (veja a receita abaixo).
Ingredientes:
- 200 gramas de folhas novas de capiçoba
- 4 ovos
- 12 colhes de sopa de farinha de arroz
- Sal
- Fermento e temperos à gosto
Modo de preparo:
- Pique as folhas de capiçoba em tiras bem fininhas
- Bata os ovos e acrescente o sal, temperos e farinha de arroz
- Misture as folhas picadas com a massa do bolinho
- Leve ao forno pré-aquecido por cerca de 20 minutos, até dourar
*Produção: Lucas de Oliveira