O Hospital de Pronto Socorro de Canoas que é referência para mais de cem municípios gaúchos, se encontra coberto por lama. Todas as alas do primeiro andar da instituição foram atingidas pela enchente. O prazo para reestruturação do HPS é de até seis meses. A previsão foi dada pelo diretor técnico da instituição, Álvaro Fernandes, nesta quarta-feira (5). Trata-se de uma expectativa por parte da direção.
—A ideia é reestruturar e reconstruir entre 90 dias a seis meses. É um tempo razoável porque tem muita coisa para fazer. Mas, não podemos ficar sem o HPS. Esse prazo é nossa esperança máxima de otimismo — diz o diretor.
Ainda conforme o médico, não houve comprometimento estrutural do prédio. Uma vistoria foi realizada e o relatório do diagnóstico inicial deve ser entregue até o final da semana.
O trabalho de retirada de materiais já se iniciou, no entanto, uma empresa deve ser contratada para a realização da limpeza mais pesada. Após isso, o processo será voltado para a verificação da parte elétrica, hidráulica e da tubulação de gás. A central de gás tombou com a força da água e com isso, houve contaminação.
O funcionário do setor de higienização Guilherme Silva, 23, tirava sacos e entulhos nesta quarta-feira. Uma grande quantidade de lixo se acumula em frente ao HPS.
— O cenário lá dentro é de terror, é horrível. Onde a água não chegou, tem muito mofo.
A reportagem acessou pela primeira vez a parte interna do hospital que está fechado desde o dia 5 de maio. Na ala vermelha, restaram apenas as placas de identificação dos pacientes que estavam internados. As macas, equipamentos de monitoramento e utensílios estão destruídos.
O cenário é semelhante no bloco cirúrgico, sala de recuperação, nos setores de urgência e emergência, salas de exames de imagens e na recepção . Toda parte de medicamentos, materiais cirúrgicos e documentações foi afetada.
A água chegou no último degrau da escada que liga o primeiro e o segundo andar. Por pouco, os quartos também não foram atingidos. No dia 5 de maio, pacientes, funcionários e socorristas precisaram quebrar uma parede para serem resgatados com barcos. Próximo ao buraco, ainda há resquícios do desespero da ocasião.
O diretor técnico foi um dos últimos a sair do hospital e relatou que foi a única maneira encontrada pela gestão. Isso porque não era mais possível sair pelos acessos principais devido a altura da água.
A lama dificulta a circulação dentro do hospital. Com auxílio de uma lanterna, a segurança Deysi Klein, 33, iluminava os corredores. A funcionária, que mora em São Leopoldo, perdeu todos móveis em sua residência, e agora observa a destruição também do local de trabalho.
— Dói muito. É a sensação que tive ao entrar na minha residência. Aqui era minha segunda casa — contou emocionada ao vivo na Rádio Gaúcha.
De acordo com o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (Iahcs), que administra o HPS de Canoas, ainda não há previsão para retorno dos atendimentos. Os funcionários de enfermagem e a equipe de médicos estão trabalhando no Hospital Nossa Senhora das Graças.