Com o nível alto do Guaíba e a interrupção das operações em algumas estações de tratamento de água (ETA), muitas residências estão enfrentando a falta de abastecimento de água tratada, em Porto Alegre. Para contornar a situação, certas técnicas caseiras podem ser utilizadas para transformar água não tratada como própria para consumo humano.
Uma cartilha ensinando dois "passo a passo" deste processo foi elaborada pela equipe do Telessaúde RS-UFRGS. Os métodos devem ser utilizados em casos extremos de falta de água e conforme o vice-coordenador Geral do núcleo, Natan Katz, alguns cuidados devem ser tomados.
— É preciso ficar atento porque esses tratamentos caseiros da água não podem ser feitos em alguns casos. Mesmo com todos os passos, a água não fica própria para o consumo humano se ela for obtida na piscina ou em locais que possuem contaminação com o esgoto — explica Katz.
O professor de engenharia civil e responsável pelo Sistema de Gestão Ambiental da Unisinos, Marcelo Caetano, orienta que esses métodos são muito úteis para a água que será utilizada para cozinhar e lavar alimentos, higiene bucal e corporal, mas devem ser consumidas, bebidas, somente em casos extremos. Além disso, ele também recomenda o uso de carvão carvão ativado na filtração, que auxilia um pouco mais o tratamento.
Passo a passo 1
- Filtrar a água com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo
- Depois, ferver a água (deixar borbulhar) por cinco minutos
- Esperar esfriar para consumir
Passo a passo 2
Método é recomendado para quando não for possível ferver a água.
- Adicionar duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água para consumo humano
- Deixar repousar por 30 minutos antes de consumir
O hipoclorito de sódio 2,5% é encontrado facilmente em supermercados no setor de limpeza. Além disso, a água sanitária também pode ser utilizada, desde que ela contenha apenas hipoclorito de sódio de 2% a 2,5% e água. Caso o produto tenha alvejante e perfume, ele não pode ser utilizado para desinfectar água, alimentos e recipientes que armazenam água para consumo humano.
Novas fontes de água
Com o campus da Unisinos sendo utilizado como abrigo temporário para as pessoas que tiveram suas residências invadidas pela enchente, foi necessário buscar outras fontes de água. Isso se deu devido ao aumento do consumo e a falta de abastecimento de água tratada no local.
Diante desse cenário, Caetano e demais professores da universidade se uniram para viabilizar o uso da água de uma fonte natural, que existe no terreno, e é não tratada.
— Nós não tínhamos acesso a uma série de materiais, mas levei o que eu tinha no laboratório, o que tinha em casa e cada um foi colaborando um pouco. Conseguimos alguns reservatórios, tubulações, conexões e na segunda-feira (6) de manhã a gente começou então a montagem de uma estrutura improvisada de tratamento de água — relata Caetano.
A equipe fez um filtro de brita, um com carvão ativado e no final um processo de desinfecção da água com cloração. Eles conseguem produzir entre 1,5 mil e 2 mil litros de água por hora, que está sendo utilizada nos banheiros, banhos e para lavar roupa.