Porto Alegre tem seis estações de bombeamento de água bruta (Ebabs), que recebem a água captada em cinco pontos do Guaíba e em um do Rio Jacuí e bombeiam para seis estações de tratamento (ETAs), de onde ela é enviada em condições de potabilidade para o restante da cidade — com ação de 88 estações de bombeamento de água tratada (Ebats). Esse sistema é o responsável por levar o recurso potável à torneira das casas.
Há ainda um outro sistema na cidade, que atua no sentido contrário, para retirar água de locais suscetíveis a alagamentos ou inundação. O esgoto pluvial da Capital conta com 23 estações de bombeamento de águas pluviais (Ebaps), as chamadas casas de bombas.
A maior cheia da história do Guaíba, registrada neste maio de 2024, afeta esta estrutura operada pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Nesta quinta-feira (9), das 23 Ebaps, apenas seis estão em funcionamento, o que agrava a inundação da cidade. E das seis ETAs, duas estão desativadas porque foram inundadas, deixando milhares de pessoas sem abastecimento de água potável.
Tratamento de água
Na tarde desta quinta-feira (9), quatro das seis estações de tratamento estão funcionando: Tristeza, Menino Deus, São João e Belém Novo. Elas ainda operam com vazão reduzida por causa da turbidez do lago, que exige tratamento mais demorado da água.
O Dmae estima que as unidades em funcionamento são responsáveis por cerca de 85% do abastecimento da Capital.
Em entrevista a GZH na última quarta-feira (8), o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, garantiu que a água que chega ao consumidor é potável:
— Nós garantimos a potabilidade da água. A população pode perceber uma água um pouco mais turva, um pouquinho mais escura, ou também com um pouquinho de gosto. (...) Mas a população pode sim ficar muito tranquila em consumir essa água.
As duas ETAs que não estão funcionando porque foram inundadas são Ilhas e Moinhos de Vento.
ETA Moinhos de Vento
A ETA Moinhos de Vento, embora não atenda uma área tão grande quanto outras estações, abastece uma região considerada especialmente importante, porque é onde estão instalados alguns dos principais hospitais da cidade, como o Fêmina, HPS, Moinhos de Vento e Santa Casa, além de outros órgãos públicos. Com operação suspensa desde sábado (4), o reparo dessa unidade é considerado complexo pelo Dmae, por causa da profundidade da inundação no local que abriga os equipamentos que garantem a operação da estação.
Por meio das suas redes sociais oficiais, o Dmae explica que as ações estão voltadas para a retirada da água que inundou o poço onde ficam os painéis elétricos da Ebab Moinhos de Vento. Depois dessa retirada, é preciso substituir painéis e inversores de frequência e secar os motores. "Só após essa megaoperação é que será possível religar a estação e bombear a água para tratamento na Eta Moinhos de Vento", conclui o departamento.
Casas de Bombas
Também chamadas de Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps), as casas de bombas formam o sistema de drenagem da Capital. Nesta quinta-feira às 15h, seis das 23 se encontravam em funcionamento. Elas são identificadas por números. As que estão funcionando são:
- 7 (que protege as regiões de Santa Maria Goretti e Vila Sesi)
- 11A e 11B (que protegem o Hipódromo e a Vila Hípica)
- 19 (Vila Planetário)
- 12 (Avenida Padre Cacique)
- 14 (Azenha)
Das 17 casas de bombas que seguem fora de operação, uma das situações mais complexas é observada na Ebap número 16, localizada na região da Rótula das Cuias. Na segunda-feira (6), a energia do local foi desligada pela CEEE Equatorial, por risco de choques elétricos em áreas inundadas. Com essa suspensão, a água que já tomava o centro da Capital avançou rapidamente sobre os bairros Menino Deus e Cidade Baixa.
O diretor-geral do Dmae explicou que o restabelecimento da operação na casa de bombas número 16 é complexo por causa de dois fatores: altura da água na região e tamanho e peso do maquinário nessa estação.