Quatro unidades de saúde terão de ser reconstruídas em Porto Alegre em virtude da enchente que atingiu a cidade neste mês, de acordo com o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter.
São elas: US Ilha da Pintada; US Ilha do Pavão; US Ilha dos Marinheiros; e US Mapa - Lomba do Pinheiro. Contudo, ainda não é possível acessar as estruturas das ilhas para determinar e avaliar quais foram os estragos, conforme a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As unidades das ilhas integram a lista de 18 estabelecimentos de saúde que seguem fechados na Capital – no total, mais de 30 chegaram a ser afetados:
Norte
- CF Diretor Pestana - referência CF IAPI/CF Modelo
- CF Navegantes - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Asa Branca - referência US Ramos
- US Farrapos - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Fradique Vizeu - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Ilha da Pintada - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Ilha do Pavão - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Ilha dos Marinheiros - referência CF IAPI/CF Modelo
- US Nova Brasília - referência US Santo Agostinho
- US Sarandi - referência US Santo Agostinho/US Ramos
- US Vila Elizabeth – referência US Assis Brasil
- US Mario Quintana - referência CF IAPI/CF Modelo
Leste
- US Tijuca – referência CF Morro Santana
- US Vila Safira – referência US Ernesto Araújo
- US Viçosa – referência US Lomba do Pinheiro
Oeste
- CF Santa Marta - referência CF Modelo
Sul
- US Lami - referência US Paulo Viaro
- US Morro dos Sargentos – referência US Guarujá
Ainda que esses sejam os locais de referência para as estruturas afetadas, a população pode buscar atendimento em qualquer unidade.
Seis já estão em diferentes etapas do processo de limpeza:
- Sarandi (início na terça-feira, finalização na quinta)
- Morro dos Sargentos (início nesta quarta-feira)
- Santa Marta (em processo)
- Lami (em processo)
- Caps 4 (em processo)
- Navegantes (em processo)
Na próxima semana, os estabelecimentos da Zona Norte, que foram severamente afetados pela enchente, devem começar a receber os serviços de vistoria e limpeza. Ainda não é possível fornecer uma estimativa exata do prejuízo relacionado às estruturas de saúde, já que não há como acessar todos os espaços para realizar análises preliminares e avaliação de perdas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
A estimativa inicial divulgada pelo órgão apontava mais de R$ 50 milhões necessários. Nenhum hospital vinculado ao município foi diretamente afetado pela inundação, somente por falta d’água, situação que já foi normalizada. Para atender as comunidades afetadas, quatro unidades móveis foram abertas, que operam em diferentes localizações.
Retomada
A primeira etapa do planejamento para a retomada das estruturas municipais de saúde é efetuar a limpeza geral das unidades, com a remoção de itens sem utilidade, segundo o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter. Em seguida, será realizada a análise estrutural dos prédios, para avaliar se houve danos – alguns causam preocupação, como a Unidade de Saúde Mapa, na Lomba do Pinheiro, que não chegou a alagar, mas teve rachaduras em decorrência da movimentação do solo, bem como as três unidades das ilhas. A unidade Mapa será fechada na sexta-feira (31).
— Não tem condição de a gente ter prédios naquele padrão (das ilhas) mais, porque já é a terceira enchente em nove meses. A gente vai ter de construir unidades de saúde resilientes, com pilotis alto, a dois metros e meio do chão, que é um modelo, por exemplo, que a Amazônia usa em muitas situações — explica.
Após a análise estrutural, será feita nova limpeza das unidades, com desinfecção, e reparos necessários, como pinturas, para a reabertura. O secretário ressalta que já está sendo providenciada a aquisição de equipamentos novos para repor o que foi perdido, por meio de um processo de compra rápido, para retomar os serviços o mais cedo possível.
— A gente espera que, até o final do ano, a gente já tenha várias dessas unidades de saúde em funcionamento, com exceção dessas quatro, que tem de fazer todo um processo de construção — pontua.
Para essas quatro unidades, a prefeitura está analisando modelos mais rápidos de construção, com novas tecnologias que permitem realizar o processo em até 90 dias. Ritter ressalta, porém, que deve ser respeitado o processo de registro de preço e que as tratativas ocorrem em conjunto com o Ministério da Saúde, que está avaliando um modelo parecido para as casas das vítimas. O secretário acredita que o cumprimento de todas as etapas necessárias pode fazer com que essas entregas aconteçam no próximo ano.
Centro de Saúde Santa Marta sem previsão de reabertura
Cerca de 600 a 800 pessoas costumavam ser atendidas diariamente no Centro de Saúde Santa Marta, no Centro Histórico – uma das três com maior número de atendimentos da Capital. Nesta quarta-feira (29), entretanto, a lama, a sujeira, os destroços e até mesmo um peixe pendurado no balcão de informações são indícios de que o local, fechado desde o dia 3 de maio, não deve receber pacientes tão cedo. A enchente chegou a invadir 1m60cm da unidade. O espaço pôde ser acessado pela primeira vez na terça–feira (28), após a água recuar, mas ainda há pontos com lama e água, conforme conferido pela reportagem nesta quarta.
O centro passará por limpeza a partir da próxima segunda-feira (3), mas ainda não há previsão de reabertura. A parte térrea havia sido reformada em outubro. As perdas são milionárias, porém, ainda não é possível estimar precisamente sem análise, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
Parte do mobiliário e dos medicamentos armazenados foi removida ou transferida para outros andares antes de o prédio ser evacuado em uma “operação de guerra”. O mezanino, por exemplo, armazena agora computadores e caixas de medicamentos. Equipamentos de odontologia também foram salvos. Ainda assim, macas, cadeiras, cadeiras de rodas e uma prateleira da farmácia foram danificados e estão cobertos de lama.
O principal problema nesta unidade são as perdas estruturais: divisórias, guichês, estruturas de madeira, pintura, compressores de 10 cadeiras odontológicas, elevadores e uma subestação de energia. Alguns registros de prontuários antigos também foram perdidos.
Os serviços do centro, que também oferece atendimentos especializados (como serviços voltados a HIV/Aids, tuberculose, entre outros), foram transferidos para outros locais. Pacientes que eram atendidos no Santa Marta podem se informar sobre onde buscar atendimento por meio deste celular: (51) 32892905 - WhatsApp.
Para Vânia Frantz, diretora de Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre, é uma “dor indescritível” ver a estrutura destruída e saber que há pacientes com demandas em espera e agravadas. A diretora ressalta que as equipes – com alguns trabalhadores que também foram afetados pelas enchentes – têm buscado corresponder a sua responsabilidade.
— A gente sabe a dificuldade que será para colocar isso aqui em funcionamento nas mesmas condições ou ao menos próximo das condições que estava. É uma coisa que leva um tempo, e as pessoas têm pressa, querem respostas. São múltiplas angústias, também em saber que há limitações, que não vamos conseguir dar respostas em uma semana ou 15 dias — afirma.