O recuo da água em algumas regiões do Estado permite que algumas pessoas retornem para casa após as enchentes no Rio Grande do Sul. No retorno, entretanto, é necessário que os moradores tomem alguns cuidados — especialmente para não serem infectados com alguma doença ou mordidos por algum animal.
A presença de ratos, baratas e cobras está entre as preocupações. Animais que, normalmente, vivem em locais mais escondidos, estão mais visíveis com a cheia.
— É importante a gente também entender que como nós somos desalojados, esses animais também foram, né? Então, eles estão procurando locais secos para se abrigar também. E muitas vezes eles vão estar dentro das casas quando as pessoas retornarem também em locais não usuais — explica a veterinária Gabriela Santiago, do Núcleo de Vigilância de Roedores e Vetores da Secretaria da Saúde de Porto Alegre.
A principal orientação é utilizar equipamentos individuais, como botas e luvas, para não deixar o corpo exposto na hora da limpeza da lama. Uma dica é também não colocar as mãos em frestas e buracos, usando objetos como enxadas ou cabos de vassoura para mexer em locais que ficaram muito tempo revirados.
— Quando as pessoas voltarem, a gente acredita que não tenha mais tanta água, mas na lama também pode existir esse processo de contaminação — explica a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do RS, Tani Ranieri, sobre a presença de urina de rato, que pode transmitir doenças como a leptospirose.
Entre as formas de evitar a presença de baratas, por exemplo, está a vedação de frestas que permitem a entrada dos animais, não deixar alimentos à disposição e deixar fechado o lixo, também retirando com frequência.
— Todos esses animais, eles têm a tendência de fugir da gente, né? Então, à medida que a água vai baixando, eles também vão voltando e ficando o mais longe possível. Esses animais estão atrás de abrigo e de alimento. Falando mais dos animais que ficam mais perto da gente, como ratos, né? Baratas também. As baratas acabam atraindo outros animais, tipo escorpiões — explica a veterinária da SMS, Gabriela Santiago.
A população também deve estar atenta à presença de cobras, que podem ser confundidas enquanto nadam. Nesse caso, o melhor a fazer é se afastar e não entrar em pânico.
Em Porto Alegre, os bairros mais infestados por escorpiões amarelos são Centro Histórico, Anchieta, Mário Quintana e a Lomba do Pinheiro. Pelo menos dois deles seguem inundados, o que demanda cuidado ao retornar. Caso um desses animais seja visto, a instrução é não tocar no animal nem tentar matar e entrar em contato com a vigilância ambiental.
Caso haja picada, mordida ou sintomas como febre, náuseas e vômitos, a pessoa deve procurar atendimento médico. O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) também tem telefone disponível para dúvidas e orientações, pelo 0800-7213000.
Guia de cuidados com a saúde após enchentes
Em 2023, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde já tinha elaborado um documento com as principais orientações e cuidados a se tomar após enchentes. O guia foi atualizado neste ano. Entre elas estão:
- Usar luvas, botas e proteção para pernas e braços para evitar contato com água contaminada;
- Descartar itens absorventes (como sofás e camas) que ficaram submersos e outros itens que não podem ser recuperados;
- Uma mistura entre quatro copos de água e um copo de água sanitária pode ser feita para mergulhar objetos lavados com água e sabão;
- Buscar atendimento médico se necessário;
- Manter as vacinas em dia — contra tétano e gripe, por exemplo.