O cozinheiro Gilberto Froeder, 43 anos, morador do bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, teve parte do pé amputado após uma infecção decorrente do contato com a água contaminada da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul. Gilberto tem diabetes tipo 2, o principal agravante para a infecção.
Com a doença, o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Sem ou com pouca insulina, o açúcar fica em excesso na corrente sanguínea. O cozinheiro relatou que viu sua casa ser destruída pelas inundações causadas pelas fortes chuvas que atingiram a região.
— Perdi tudo, minha casa, meu carro — conta Gilberto.
Na manhã de sábado (25), Gilberto foi submetido a uma cirurgia de emergência no hospital, onde teve três dedos e parte do pé amputados. Atualmente, ele está sob observação médica. A filha de Gilberto afirma que o cozinheiro nunca foi informado de que precisaria de insulina.
— Nunca tinha sido encaminhado ou informado para ele que tinha que tomar insulina. Sempre receitaram remédios e nunca insulina. Depois da cirurgia, perguntaram por que ele não tomava — relata Ana Carolina.
Gilberto, que mora com a filha, agora busca forças para a recuperação e ajuda de recursos para a reconstrução da casa.
Humaitá é um dos mais afetados
Conforme dados da prefeitura, dois dos bairros mais afetados na zona zorte da Capital, o Humaitá e o Farrapos, somam 30 mil habitantes e mais de 3,5 mil empresas. A Arena do Grêmio fica na região.
Na segunda-feira (27), moradores do bairro Humaitá tiraram água de balde da área alagada como forma de protesto contra a prefeitura. A BR-290, conhecida como Freeway, foi bloqueada durante a manifestação. As pessoas cobravam alguma medida do poder público em relação ao problema que enfrentam há mais de um mês.
Após a mobilização, a prefeitura instalou uma bomba móvel emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no local, ao lado da casa de bombas do sistema anticheias que não está em funcionamento, com o objetivo de tentar desafogar a área.
O Rio Grande do Sul registra 169 mortos em razão dos temporais e cheias.