— É fake news — afirma a diretora de Tratamento e Meio Ambiente do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Joice Becker, sobre áudio que circula nas redes sociais alertando para a presença de urina em água que chega aos hospitais de Porto Alegre por meio de caminhões-pipa.
O conteúdo em questão foi encaminhado via WhatsApp e, em seu teor, uma suposta funcionária do Hospital Moinhos de Vento — o que foi negado pela instituição — alega que a água que chegou até a instituição de saúde continha uma grande quantidade de ureia, o que seria altamente prejudicial à saúde dos pacientes. Em determinado momento, a pessoa que gravou o áudio afirma que "não é que tem xixi na água, tem água no xixi".
A diretora do Dmae ressalta, ainda, que a água que chega aos hospitais por meio de caminhões-pipa conta com um grande controle de qualidade dos pontos em que o material é recolhido.
— Somos bastante exigentes com a questão dos caminhões que a gente usa e com os tanques desses caminhões. A maioria dos que a gente usa são provenientes de empresas de saneamento ou contratos do DMAE. E esses tanques têm que ter licenciamento da Secretaria de Saúde. E esses tanques passam por um processo de limpeza com água superclorada e não existe nada de verdadeiro neste relato. Os controles de qualidade se mantêm e nenhum tipo de dano à saúde pode ser verificado quanto à água. É totalmente seguro o que a gente distribui — detalha Joice.
A diretora de Tratamento e Meio Ambiente do Dmae também enfatiza que, se não for totalmente, boa parte da água destinada aos hospitais citados no áudio — Moinhos de Vento, Conceição e Clínicas — é proveniente do departamento, por meio de caminhões-pipa. Tal movimento se dá porque a estação de tratamento do Moinhos de Vento está fora de operação e, assim, as instituições de saúde mais centralizadas precisam deste suporte.
Joice, inclusive, explica que os hospitais também têm contratos próprios com caminhões-pipa privados, mas o nível de exigência é tão alto quanto o aplicado pelo Dmae:
— Toda água que é consumida dentro do hospital, os responsáveis técnicos têm um critério bem mais rigoroso em relação a qualquer parâmetro que possa oferecer algum risco, porque a gente sabe que crianças, idosos e pessoas em condição de vulnerabilidade de saúde vão consumir. Então, eu tenho certeza que qualquer caminhão que adentrar um hospital, o responsável técnico vai ter esse cuidado. E a Secretaria de Saúde também está acompanhando tudo isso.
Consultada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, desmentiu o teor da mensagem que circula pelo WhatsApp.
O Hospital Moinhos de Vento, por meio de nota, informou que, desde o dia 3 de maio, está recebendo caminhões-pipa para abastecimento de água do Dmae e que "todo o recurso hídrico que chega à instituição é testado, com o objetivo de garantir a segurança e a qualidade, antes de entrar nos reservatórios".
O Grupo Hospitalar Conceição, através de sua equipe de comunicação, alegou se tratar de uma "fake news" e que toda a água fornecida ao hospital é oriunda do Dmae. Já o Hospital de Clínicas, em nota, alegou que não está "testando a água de cada caminhão-pipa recebido", mas que mantém a "análise usual do reservatório que é abastecido por estes". E, segundo a instituição, não foi identificada "contaminação no reservatório até o momento".
O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas, Eduardo Sprinz, disse desconhecer o teor da mensagem que está sendo propagada na internet e afirmou que a água que o hospital recebe tende a ser pura — até pode ter uma coloração diferente, mas que isso não seja prejudicial.
— Os caminhões-pipa devem levar água que seja, no mínimo, salobra, ou seja, para banho, para limpeza, para lavagem de roupas. A água para beber, provavelmente, não seja a que está vindo nos caminhões-pipa — alega Sprinz, que ainda explica sobre um possível percentual de ureia na água: — Não, isso não é um problema. O grande problema, se houvesse, seria alguma contaminação por urina, o que eu acho pouco provável.