A Fronteira Oeste poderá contar com um novo hospital totalmente destinado a atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos próximos anos. Isso porque a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) possui um projeto para construir a nova instituição de saúde junto ao seu campus de Uruguaiana. A iniciativa terá apoio financeiro do governo do Estado, conforme anunciado nesta semana pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Chamado de Hospital Universitário do Pampa, o local atenderá casos de média e alta complexidade em uma região que abrange mais de 500 mil habitantes. Cheila Denise Ottonelli Stopiglia, diretora do campus Uruguaiana da Unipampa, explica que a instituição de ensino submeteu a proposta ao Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) no dia 19 de fevereiro e que a reunião com a SES, ocorrida na última segunda-feira (26), apenas oficializou o compromisso do Estado com o projeto.
Durante o encontro, a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, confirmou a contrapartida de US$ 2,25 milhões (cerca de R$ 11,1 milhões) para a obtenção de financiamento de US$ 17,25 milhões (R$ 85,1 milhões) junto ao Focem. Segundo Cheila, esse recurso deve ser investido em uma obra de 6 mil metros quadrados, que englobará o primeiro módulo do hospital, com os setores de cardiologia e pediatria.
— Então, se a Unipampa for contemplada, é o Estado que vai dar a contrapartida para a construção. Metade do recurso será para a obra de 6 mil metros quadrados e a outra metade para a aquisição de mobiliário e equipamentos. Se tudo der certo, a expectativa é que o resultado do edital saia já em abril — estima a diretora.
Caso a universidade consiga o financiamento, será necessário mais um período para encaminhar o projeto arquitetônico — que deve ser finalizado até outubro. Assim, as obras já iniciariam no começo de 2025, quando o orçamento for liberado. A previsão é que o processo de construção e equipagem do primeiro módulo do hospital leve cerca de quatro anos.
— Estamos bem esperançosos em relação a isso. Vimos no Focem a possibilidade de captar recursos para uma parte. Se formos contemplados não conseguiremos construir o hospital inteiro, com 180 leitos, mas o primeiro módulo já é bem significativo — afirma Cheila.
De acordo com a diretora, o projeto completo foi encaminhado ao governo federal, por meio do Brasil Participativo, mas não foi incorporado ao Plano Plurianual (PPA) 2024-2027. O Relatório de Participação Social aponta que isso não ocorreu devido à necessidade de realizar análises e estudos técnicos e afirma que foi estabelecida uma frente de trabalho para analisar a viabilidade de atendimento à proposta:
— Se conseguirmos pelo Focem, não inviabiliza do Ministério da Saúde, junto ao Ministério da Educação, já que é um hospital universitário, disponibilizar o recurso para o restante da obra. Tem outras especialidades médicas que são superimportantes para a região e não serão contempladas inicialmente por uma questão de recursos.
Importância para a região
Cheila destaca que o campus Uruguaiana tem diferentes cursos da área de saúde, como Medicina, Farmácia, Fisioterapia e Enfermagem, por isso, sempre quiseram construir um hospital no local. A falta desse estabelecimento faz com que o Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana tenha que acolher os alunos da instituição que estão concluindo seus cursos — alguns também precisam ir até São Borja para atuar no Hospital Ivan Goulart, que tem convênio com a universidade.
— A demanda do hospital é da universidade, porque nós poderíamos realizar muito mais atendimentos, mas precisamos de mais campos de prática para os nossos alunos do que a cidade e a região conseguem oferecer — aponta.
A diretora também ressalta que há poucos hospitais na Fronteira Oeste e que os municípios da região também são muito distantes uns dos outros, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde, principalmente quando se trata de especialidades mais complexas, como cardiologia e pediatria.
Portanto, a ideia com a nova instituição é ampliar o número de leitos e atendimentos da região e colocar especialidades diferentes daquelas que já são contempladas pela Santa Casa:
— Aquelas áreas que têm na Santa Casa, funcionam bem e têm um número de leitos suficiente, segue lá. Aqui que precisa ser complementado vai para o hospital novo.