O Ministério da Saúde vai redistribuir as doses da vacina contra a dengue enviadas a 521 municípios selecionados pela pasta e que ainda não foram utilizadas. De acordo com a chefe da pasta, Nísia Trindade, terão prioridade nesse processo municípios que decretaram situação de emergência em razão da doença.
O Rio Grande do Sul não está entre os Estados que receberam doses da vacina prioritariamente. Ainda na primeira semana de março, o governador Eduardo Leite participou de uma reunião com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pediu esforços pela produção e distribuição do imunizante ao RS. Em 13 de março o Executivo estadual publicou decreto de situação de emergência em saúde pública por conta da dengue.
Conforme o painel de casos da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o RS já registrou 53.901 notificações de casos possíveis de dengue. Desses, 26.618 foram confirmados e 13.939 estão em investigação. Na terça-feira (19), o Estado confirmou a 25ª morte pela doença em 2024.
— Vamos fazer a redistribuição das doses que não foram aplicadas e que estão nos municípios. Vamos fazer um ranqueamento dos municípios que estão em situação de emergência por dengue. Isso não vai ser detalhado hoje (quarta-feira, 20). Está em processo, tem que ser feito de forma muito cuidadosa — disse a ministra Nísia Trindade.
Ela ressaltou que a pasta poderia utilizar diversos critérios no momento de redistribuir as doses contra a dengue, entre eles aumentar a faixa etária a ser imunizada na rede pública, atualmente definida entre 10 e 14 anos.
— O critério adotado, pela questão de saúde pública que nós vivemos, é ampliar para municípios. A vacina é um instrumento importantíssimo a médio e longo prazo. Ela não é a solução para essa epidemia. Ainda mais uma vacina que é aplicada em duas doses com intervalo de três meses — destacou.
Situação das vacinas no país
Qdenga
Em entrevista, a ministra disse que a pasta segue negociando com a farmacêutica Takeda, fabricante da Qdenga, a possibilidade de produção da vacina no Brasil. O plano do governo é utilizar a planta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que já é responsável pelas produção de doses contra a febre amarela aplicadas no país.
— Continuamos no processo, ainda não finalizado, com a Fiocruz. Já antecipamos que haverá a possibilidade de uma produção nacional, mas só vamos fazer o anúncio completo, com segurança, com todos os dados e o cronograma porque senão a gente coloca uma coisa no ar— disse a ministra.
Vacina do Butantan
Segundo Nísia, o ministério acompanha de perto os avanços da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan.
— Temos apoiado o Instituto Butantan no desenvolvimento da vacina, que já alcançou, segundo publicações, bons resultados na fase 3 de sua pesquisa clínica. Toda essa documentação caberá ao Instituto Butantan, não é um papel do Ministério da Saúde, encaminhar à Anvisa — falou.
Ela declarou, ainda, que não foi anunciado um cronograma formal pelo instituto, mas que haverá, na próxima semana, uma reunião com o diretor do Instituto Butantan:
— Vamos ter a oportunidade de atualizar isso e ver se há algo mais, além do que temos feito, que o Ministério possa fazer no sentido de acelerar esse processo. Essa é a nossa disposição por causa da expectativa de ter a vacina como, de fato, o que ela é: um instrumento importantíssimo. Não o único, mas muito importante para esse enfrentamento.