Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta quarta-feira (28), o presidente do IPE Saúde, Paulo Afonso Oppermann, afirmou que uma auditoria externa é necessária para detectar fraudes e distorções no sistema como superfaturamento, reembolsos que não foram feitos e até clínicas falsas.
— Nós temos a percepção que passa muita coisa sem detecção por conta dessa questão da auditoria — afirmou Oppermann, que detalhou as dificuldades de realizar o trabalho de auditoria internamente:
— A dependência do serviço público, dos ritos processuais de aquisição de material humano para ajudar (na detecção de problemas), é extremamente complexa. Exige o concurso ou a licitação, demanda tempo. A gente consegue atenuar a grandeza das perdas pela competência e dedicação dos nossos poucos auditores e servidores que nós temos direcionado para esta área.
Para aumentar a remuneração diante das tabelas defasadas, o IPE costuma pagar um sobrepreço nos medicamentos e insumos usados em tratamentos. Os órgãos de fiscalização dizem que a prática não deve ser aceita, e exigem dos gestores do órgão uma solução, conforme abordado pela colunista Rosane de Oliveira.
Na entrevista, o presidente do IPE Saúde também abordou a decisão de adiar o início da vigência do novo modelo de remuneração de hospitais credenciados por 30 dias. Oppermann mencionou que, historicamente, havia gargalos operacionais, especialmente na comercialização de medicamentos de alto custo, impactando no controle e na previsibilidade dos custos operacionais. A contratação de uma auditoria externa foi vista como essencial para identificar falhas e distorções, especialmente na auditoria médica:
— Somos obrigados a reconhecer um problema de auditoria médica insuficiente por razões da própria natureza do serviço público, e temos essas dificuldades.
Quanto aos próximos passos, o presidente destacou que estão previstas conversas nos próximos dias para buscar um entendimento.
— Nós já pensamos em uma série de alternativas, mas não podemos transgredir nas determinações legais, em hipótese alguma. Isso é inegociável. O resto, tudo é negociado desde que não prejudique o nosso segurado, que é a razão principal de todo o nosso esforço e a quem nós não permitiremos mais os agravos que vêm sofrendo ao longo dos últimos tempos — afirmou.