O diagnóstico de Fernanda Gentil, 37 anos, alertou para a paralisia de Bell. No caso da jornalista, a dormência no lábio foi o primeiro sintoma, mas formigamento em outros lugares da face, dor leve no rosto, sensibilidade ao som e uma alteração no paladar também podem servir de alerta.
O quadro que Fernanda registrou é comum em pessoas de 20 e 40 anos, destaca Thais Secchi, neurologista do Hospital Moinhos de Vento. Os sintomas podem ser confundidos com os de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas suas consequências são muito menos severas.
A jornalista revelou em seu canal no YouTube que foi diagnosticada com a doença. A dormência nos lábios foi percebida ao beijar seu filho. Dias depois, a sensação voltou e Fernanda viu no espelho que os movimentos do lado esquerdo de seu rosto não acompanhavam os do direito.
A doença não é grave, mas especialistas recomendam a ida ao médico logo após a identificação dos sintomas para descartar a existência de outras condições, como lesões cerebrais ou mesmo o AVC. Conheça os principais efeitos e causas da paralisia de Bell e saiba como diferenciá-la de outros problemas de saúde.
O que causa a paralisia de Bell
A paralisia de Bell é caracterizada por uma imobilidade facial aguda unilateral, ou seja, afeta apenas um lado do rosto, parcial ou completamente, explica Thais. No lado prejudicado, o paciente pode não conseguir movimentar os olhos, as pálpebras e a boca da maneira correta. A doença ocorre de forma isolada, sem o paciente ter outros sintomas. O risco de ter a paralisia durante a vida é de um em 60, segundo a especialista do Hospital Moinhos de Vento. A chance é igual para homens e mulheres.
A causa exata da doença ainda não é conhecida, apesar de existirem evidências, em parte dos casos, de que ela pode ser causada por uma reativação do vírus da herpes já presente no paciente e que acaba prejudicando o nervo da face.
— Mas os estudos detectaram esse vírus em 20% a 50% dos casos. Então, ainda na grande maioria, a causa não é bem definida — explica a neurologista.
Diagnóstico
O diagnóstico da paralisia de Bell geralmente é feito clinicamente com base nos sintomas e no exame físico. Alguns testes são importantes para descartar outras condições que podem causar paralisia no rosto. Para isso, podem ser pedidos exames de sangue para conferir se não há infecções ou de imagem, como tomografia e ressonância magnética, para descartar outras causas de fraqueza facial, como AVC ou lesões no cérebro.
— Às vezes também não é necessário fazer testes adicionais. Isso vai depender do atendimento médico e da história clínica do paciente — pondera Thais.
Tratamento e recuperação
A condição não é grave. A maioria dos pacientes se recupera espontaneamente após um mês do início dos sintomas, mas até 30% deles podem ter uma recuperação tardia ou incompleta. Por isso o acompanhamento médico é importante. O tratamento pode envolver o uso de corticoides, para reduzir a inflamação e acelerar a recuperação, e antivirais, geralmente quando há suspeita de infecção por herpes. O tratamento é mais eficaz quando iniciado nos primeiros dias de sintomas.
O uso de colírios e lágrimas artificiais também pode ser necessário para evitar o ressecamento e lesões na córnea, já que em alguns casos a paralisia de Bell impede que o paciente feche completamente o olho no lado do rosto prejudicado. Também pode ser necessário fazer fisioterapia da face para manter os movimentos e agilizar a recuperação.
Diferenças entre a paralisia de Bell e um AVC
Enquanto a paralisia de Bell na maioria dos casos melhora de forma espontânea, o AVC é uma emergência médica e requer atendimento imediato. Geralmente, os sintomas do AVC começam de forma súbita. De um segundo para o outro, a pessoa pode começar a sentir dificuldade para falar, fraqueza ou dormência em um lado do corpo, visão turva, dor de cabeça súbita, confusão mental e dificuldade para andar. Já na paralisia de Bell, os sintomas são mais graduais e aparecem apenas na face.