A confirmação do caso importado de sarampo no Rio Grande do Sul, de um menino de três anos que veio do Paquistão para o município de Rio Grande, no sul do Estado, chamou a atenção para a importância da vacinação contra a doença. O RS receberá, na próxima terça-feira (30), um reforço de 120 mil de doses para aplicação na cidade gaúcha e arredores na região.
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) informou em um alerta, nesta semana, que a criança não estava vacinada contra a doença e desembarcou no Brasil em 26 de dezembro do ano passado em São Paulo, passando por Porto Alegre até chegar a Rio Grande.
— O sarampo pode ter um período de incubação de até 21 dias e a criança manifestou sintomas já em Rio Grande, mas não transmitiu para nenhuma outra pessoa. Foi internada com suspeita de malária, mas se confirmou o sarampo — relatou a diretora da Vigilância do RS, Tani Ranieri.
Foi implementado, então, o bloqueio vacinal, que é uma vacinação seletiva das pessoas que tiveram contato com o menino. Segundo Tani, foram aplicadas 36 doses, entre familiares e vizinhos. Nenhum deles manifestou qualquer tipo de sintoma similar.
A criança já teve alta, mas o Cevs solicitou um reforço de doses junto ao Ministério da Saúde para aplicação na região onde mora o menino que, segundo Tani, é composta por cidades de coberturas mais baixas de vacinação contra o sarampo em relação a outras regiões gaúchas. Não há, no momento, uma campanha específica de imunização, mas é possível se vacinar durante a semana em qualquer unidade de saúde do RS.
— Qualquer pessoa que esteja com o esquema vacinal em atraso ou não realizou nenhuma dose, pode procurar os postos de saúde. A ação mais importante para a proteção de todos é a vacinação, considerando a circulação global de pessoas e situações onde em algumas horas é possível atravessar continentes — alerta a diretora do Cevs.
A aplicação que protege contra o sarampo é a tríplice viral (também indicada contra a rubéola e caxumba) e a tetraviral. A dose é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a população de um a 59 anos.
No Rio Grande do Sul, os últimos casos confirmados (37) haviam sido registrados em abril de 2020. A meta de cobertura vacinal recomendada pelo Ministério da Saúde é de 95% dos indivíduos vacinados. A cobertura em 2023 foi de 94,5% no Estado, segundo Tani Ranieri.
Como a doença se manifesta
Segundo a Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI), o sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, que pode levar a alguns sintomas como febre, tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido, mal-estar intenso, entre outros.
O diagnóstico é feito pelo médico a partir de uma avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa. No entanto, para confirmar a infecção e descartar outras infecções com sintomas semelhantes, além da avaliação clínica, exames de sangue podem ser realizados para comprovação diagnóstica.
Indivíduos com história progressa de sarampo, caxumba e rubéola são considerados imunizados contra as doenças, mas é preciso ter certeza do diagnóstico.
As idades para se vacinar
Na rotina do PNI (Programa Nacional de Imunizações) para a vacinação infantil, a primeira dose desta vacina é aplicada aos 12 meses de idade e, depois, aos 15 meses, quando é utilizada a vacina combinada à vacina contra varicela (tetraviral). Também podem se vacinar gratuitamente pessoas até 29 anos (duas doses, com intervalo mínimo de 30 dias) e entre 30 e 59 anos (uma dose).