O risco de surtos de doenças erradicadas na América Latina, como poliomielite ou sarampo, é alto devido à vacinação insuficiente, alertou nesta quinta-feira (20) o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa. Os programas nacionais de imunização "sofreram sérios retrocessos na última década" na América Latina, que enfrenta "uma crise iminente", declarou Barbosa em entrevista coletiva.
"Existe agora o risco de que doenças que já foram eliminadas na região", como a poliomielite em 1994 ou o sarampo em 2016, "possam retornar", disse ele. Isso porque essas doenças ainda não foram totalmente erradicadas do mundo e os casos podem ser importados, por exemplo, por meio de viagens.
Segundo Barbosa, "a única forma" de prevenir é "garantir que mais uma vez haja alta cobertura vacinal". Em 2021, mais de 2,7 milhões de crianças menores de um ano, ou seja, uma em cada cinco crianças da região, não receberam todas as doses de vacinas, "deixando-as suscetíveis a doenças como poliomielite, tétano, sarampo e difteria", lamentou o diretor da Opas.
Mais de 50% das crianças que nunca receberam vacina na região estão no Brasil e no México.
— À medida que emergimos dos efeitos devastadores da pandemia, o risco de novos surtos emergentes de doenças evitáveis na região está em seu nível mais alto em 30 anos — acrescentou.
A Opas, escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, afirma ter testemunhado o declínio das taxas de cobertura vacinal, financiamento inadequado e crescente relutância à imunização devido, em parte, à desinformação.
Deficiências agravadas pela pandemia de covid-19. Sob o lema "Toda Vacina Conta", começa no sábado uma nova edição da Semana de Vacinação nas Américas, na qual a Opas "espera atingir mais de 92 milhões de pessoas em toda a região".
* AFP