A implantação de hormônio do crescimento extraído de glândulas do cérebro de cadáveres pode ter desencadeado o desenvolvimento de Alzheimer em cinco pacientes tratados entre 1959 e 1985. De acordo com estudo publicado Natural Medicine nesta segunda-feira (29), após o método, o quinteto apresentou dificuldades cognitivas similares as causadas pelo Alzheimer.
De acordo com reportagem publicada pela CNN Brasil, o caso ocorreu no Reino Unido e pode caracterizar a primeira transmissão clínica do Alzheimer, um efeito colateral de tratamento médico. Este meio de transmissão é conhecido como iatrogênico.
No período, 1.488 pessoas receberam o hormônio do crescimento retirado da hipófise – uma glândula do tamanho aproximado de uma ervilha localizada no cérebro – de cadáveres. Posteriormente, constatou-se que muitas desenvolveram a doença de creutzfeldt-jakob (DCJ) a partir de hormônios contaminados por príon – um agente infeccioso.
Os príons são caracterizados pela ampla presença de proteínas em sua formação. Conforme os pesquisadores, foram encontradas grandes quantidades da proteína beta-amiloide – que causa demência e é indicadora do Alzheimer – em pacientes que morreram em decorrência da DCJ.
No estudo, o material genético de oito pessoas que receberam o tratamento e não desenvolveram DCJ foi analisado. Destas, cinco apresentaram sintomas de demência entre 38 e 55 anos, com o comprometimento progressivo de capacidades cognitivas – características do Alzheimer.
O diagnóstico de Alzheimer foi embasado na presença da beta-amiloide nos tecidos cerebrais dos pacientes que participaram do estudo. Testes genéticos para detectar a presença de outros genes causadores da doença deram negativo.
Para os pesquisadores, o estudo sugere que há patologias específicas e raras do Alzheimer que podem tornar a doença transmissível. No entanto, os casos são incomuns, uma vez que o método do tratamento ao qual os pacientes foram submetidos é proibido no mundo. Não há evidências de que a doença pode ser transmitida em outras situações.