O hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, está reagendando 115 atendimentos eletivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tratam-se de cirurgias e procedimentos que não possuem caráter de urgência. As atividades da instituição estão restritas desde segunda-feira (23). Profissionais alegam atrasos no pagamento dos honorários médicos, que é o valor pago pelo município para a realização de consultas.
Conforme a instituição, estão sendo mantidos os atendimentos cirúrgicos de urgência, as cirurgias oncológicas agendadas e os pós-operatórios. A diretoria do hospital, administrado pela prefeitura de Canoas, diz estar negociando com os profissionais para retomar as atividades.
O executivo está devendo para R$ 2,79 milhões, referentes a dois meses de honorários, para 34 médicos contratados como pessoas jurídicas. O secretário municipal da saúde, Felipe Martini, afirma que os atrasos devem ser quitados em duas parcelas. A primeira delas deve ser paga até o final de outubro. A previsão é que a situação seja normalizada até a metade de novembro.
— É um hospital que demanda aportes vultuosos. Como são recursos que saem do caixa livre do município, e enfrentamos dificuldades, nós estamos tentando viabilizar ainda essa semana para repactuar com esses profissionais e fazer um pagamento parcial, para que a gente chegue até o final desse mês ao menos com um mês de honorários quitados — prevê Martini.
Recentemente, Canoas tem enfrentado problemas na saúde. Outro hospital administrado pelo município, Hospital Universitário, tem sido alvo de reclamações por parte dos trabalhadores.
Segundo o Simers insumos básicos estão em falta, como medicamentos, equipamentos de proteção individual (EPI), além de órteses, próteses e materiais especiais. A entidade chegou a solicitar a intervenção do governo do estado na administração. Em contrapartida, a prefeitura anunciou um pacote de 10 medidas para reverter os problemas nos hospitais da cidade.
O Sindicato Médico do Rio grande do Sul (Simers) reitera que a crise na Saúde de Canoas afeta os três hospitais do município, pois os médicos que atuam via pessoa jurídica no Hospital Universitário (HU), Nossa Senhora das Graças (HNSG) e de Pronto-Socorro (HPS) estão com os pagamentos atrasados.
No que se refere ao HNSG, o diretor-geral do Simers, Fernando Uberti, ressalta que ainda não foi repassada aos médicos uma previsão de recebimento destes valores, nem mesmo sobre a normalização da compra das Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME). Materiais que estão em falta e impedem a realização das cirurgias eletivas.
“Devido a tantas incertezas, muitos profissionais enfrentam a total precarização para o exercício da Medicina e uma assistência adequada. Uma situação que se arrasta e que deixa a população ainda mais vulnerável, com cirurgias canceladas e filas de espera daqueles que dependem do SUS”, afirma.