O Nobel de Medicina foi concedido nesta segunda-feira (2) para a bioquímica húngara Katalin Karikó e o médico americano Drew Weissman, por pesquisas que auxiliaram no desenvolvimento das vacinas de RNA mensageiro, importantes no enfrentamento da covid-19. As descobertas da dupla, fruto da pesquisa em ciência básica, levaram ao desenvolvimento em tempo de recorde de imunizantes contra a doença em 2020, menos de um ano após o surgimento do novo coronavírus. Essa foi a principal arma da humanidade para frear a maior pandemia do último século, com quase 7 milhões de vítimas (700 mil delas no Brasil).
O mRNA é um material genético sintetizado em laboratório que tem a função de "levar instruções" para as células agirem. No caso da vacina contra a covid-19, ele induz as células a produzirem uma proteína do vírus que será reconhecida pelo sistema imunológico como uma ameaça, o que levará à produção de anticorpos.
Só a partir de 2010, duas biotechs fundadas por acadêmicos, uma na Alemanha e outra nos Estados Unidos, decidiram apostar na tecnologia. BioNTech e Moderna, justamente as primeiras empresas a apresentarem resultados extraordinários de eficácia de uma vacina contra a covid-19 (95% e 94%, respectivamente).
Em 2013, Katalin, perto dos 60 anos, foi convidada a trabalhar na BioNTech, que testava a tecnologia de RNA em tratamentos contra o câncer. Com a crise sanitária em 2020, a húngara, já no cargo de vice-presidente da empresa, participou do desenvolvimento da vacina feita em parceria com a Pfizer. Até então, não havia nenhum imunizante registrado no mundo usando a tecnologia do RNA. A rapidez no desenvolvimento e alto índice de eficácia dos novos produtos surpreenderam a sociedade acadêmica.
A expectativa é de que, no futuro, a vacina sirva para outras doenças, como vários tipos de câncer. Além de uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma, os premiados vão dividir 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5 milhões.
A premiação continua ao longo dos próximos dias. Nesta terça-feira (3), será anunciado o vencedor do Nobel de Física e, na quarta (4), de Química. Em seguida, serão conhecidos os ganhadores em Literatura (5) e Paz (6). Na semana seguinte, será a vez do prêmio de Economia (9).
O prêmio de Medicina vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896).
Ao todo, 113 prêmios de Fisiologia e Medicina já foram concedidos. No ano passado, o grande vencedor foi o geneticista sueco Svante Paabo, responsável pelo sequenciamento do DNA dos Neandertais - uma espécie extinta de hominídeos. Paabo também foi o responsável pela descoberta de uma nova espécie de hominídeo, os Denisovan.
A cerimônia de entrega dos prêmios ocorrerá no dia 10 de dezembro, data do aniversário de morte de Alfred Nobel.