O presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene, falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, desta sexta-feira (21), sobre a parceria com o Instituto de Cardiologia (IC) e os desafios enfrentados pela instituição. Segundo o gestor, a dívida com o hospital, atualmente, é de R$ 1,6 milhão — há, ainda, um débito de R$ 4 milhões que ainda está dentro do prazo de contrato.
— É importante dizer que nós consideramos dívida quando ela ultrapassa o prazo contratual. Antes disso, antes dos 60 dias do prazo contratual, nós não consideramos dívida. Nós fizemos essa semana, na quarta e na quinta-feira, dois pagamentos. Inclusive, ontem (quinta, dia 20), houve um pagamento extraordinário na ordem de R$ 73,2 milhões para toda a rede e, na ocasião, o Instituto de Cardiologia foi beneficiado por um valor, evidentemente, como foi para toda a rede. A nossa dívida, portanto, aquilo que supera os 60 dias, hoje está em R$ 1,6 milhão — afirmou Jatene.
O IC atualmente passa por uma crise financeira e acumula R$ 45 milhões em dívidas, conforme mostrado por reportagem de GZH. A situação fez o hospital protocolar um aviso prévio de dois meses para interromper o atendimento pelo IPE. O prazo termina no dia 12 de agosto, mas há negociação para que o acordo continue.
O presidente do IPE Saúde destacou que houve uma tentativa de negociação para melhorar o sistema de remuneração do IC, atendendo parcialmente suas demandas. No entanto, "essa alteração acabou repercutindo, posteriormente, para o Instituto de Cardiologia, mais recentemente, no formato em que não se mostrou interessante do ponto de vista financeiro". Jatene afirmou que o IPE Saúde sinalizou apoio ao IC, desde que a qualidade do atendimento aos segurados fosse mantida, mas a crise no instituto dificultou a concretização dessa ajuda. O presidente ressaltou o esforço para reduzir as dívidas com os credores.
— Trata-se, evidentemente, de um hospital de referência, sobretudo na área em que é especializado, na área cardíaca, e o que nós observamos de um tempo para cá é que tem se agravado um pouco a situação do Instituto de Cardiologia pelo fato de que o seu resultado, o seu resultado financeiro, o seu resultado diante de toda a representatividade que existe do complexo do sistema de saúde, tem se deteriorado — disse Bruno Jatene, antes de completar:
— Em 2018 houve um acordo entre todos os hospitais envolvendo as federações e o próprio Instituto de Assistência à Saúde, o IPE Saúde, naquela ocasião houve alteração no formato de remuneração, onde se extinguiu a taxa de logística, se trabalhou em termos de compensação para outras formas de remuneração e, naquela ocasião, por uma questão consensual, inclusive, houve essa alteração.
Previsão de melhora na situação
Em relação aos médicos, o presidente do IPE Saúde assegurou que as consultas médicas estão em dia, com pagamentos efetuados a cada 15 dias. Nos procedimentos realizados dentro dos hospitais, o máximo de atraso é de 11 dias.
Quanto ao futuro do IPE Saúde, Jatene informou que o governador Eduardo Leite tem interesse em reestruturar a instituição. Melhorias na gestão e nas finanças estão em andamento, e a expectativa é de que a situação seja mais promissora a partir de outubro, quando o caixa do IPE deve ser potencializado na esteira da aprovação do projeto de lei na Assembleia Legislativa que aumenta contribuição dos servidores. A dívida com hospitais como Santa Casa e Ernesto Dorneles está sendo reduzida, e a perspectiva é zerar esses débitos, afirmou:
— O projeto de lei nos acena uma questão do ponto de vista econômico e financeiro, porque haverá melhorias na situação financeira, em termos de sustentabilidade do sistema, porém agora nós temos um segundo desafio, que é igualmente importante, porque é um desafio que se refere à melhoria do sistema de assistência.