Celebrado neste sábado, 8 de julho, o Dia Mundial da Alergia busca conscientizar sobre essa condição que afeta cerca de 30% da população brasileira, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), e pode até mesmo resultar em morte. Para saber se alguém é alérgico a alguma substância, é necessário já ter tido algum tipo de reação anteriormente. Portanto, o paciente deve consultar com um especialista quando necessitar identificar o que causou uma reação e possíveis alérgenos correlacionados.
— Não existe exame que vai avaliar se tu é alérgico se tu nunca teve nada, se nunca teve nenhum sintoma de alergia, não tem como avaliar antes da alergia acontecer — explica a médica Helena Fleck Velasco, alergista e imunologista do Núcleo de Alergia e Imunologia do Hospital Moinhos de Vento.
— Só vai surgir quando teve contato. A gente se sensibiliza, vai passando por coisas e de repente vai surgindo — acrescenta a médica Mariana Jobim, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Asbai.
A partir disso, a principal maneira para descobrir é por meio da história clínica. O especialista em alergia buscará identificar se ocorreu, de fato, uma reação alérgica, podendo ser necessário realizar exames para confirmar ou excluir hipóteses.
Cada tipo de alergia é mediada de uma forma — algumas por anticorpos, outras não. Por isso, há três tipos de testes que podem ser utilizados: um deles é o teste cutâneo por puntura, no qual se utiliza um extrato do alérgeno na pele do paciente. Se for positivo, ocorrerá uma reação alérgica no local. Ele também pode ser feito no sangue, verificando o anticorpo que causa a alergia. Não há riscos para o paciente.
Há, ainda, o teste de contato, no qual são colados adesivos com alérgenos para avaliar possíveis reações locais mais tardias, por ficarem em contato por mais tempo com a pele. Ele é utilizado para testar metais como bijuteria e botões de calça jeans, por exemplo. Também não há riscos ao paciente.
Já o exame considerado o "padrão ouro" para detectar a alergia é o teste de provocação oral. Nele, o paciente é exposto ao alimento ou medicamento que gera a suspeita de alergia. Ele só pode ser realizado no hospital, com acompanhamento, pois o paciente pode até mesmo sofrer uma reação anafilática. A indicação do exame é avaliada em consulta, pesando os riscos e benefícios ao paciente.
Em alguns casos, pode ser difícil identificar uma alergia. Conforme Helena, por vezes, muitas reações não são alérgicas. Assim, os médicos acabam enfrentando quadros complexos e precisam pensar em diferentes diagnósticos. Além disso, nem todas as alergias são detectadas em exames, lembra Mariana, sendo necessárias medidas como o teste de provocação oral. Alergias mais imediatas, com sintomas de contato, normalmente são mais fáceis de identificar. Já questões não tão óbvias, como o conservante de alguma medicação ou a pimenta, demoram um pouco mais.
— A grande maioria, se for realmente alergia, a gente acaba identificando — assegura Helena.
A anafilaxia e as canetas de adrenalina
Quando a alergia envolve mais de um sistema do corpo — como a pele e o sistema respiratório, com placas, coceira e inchaço, somadas a uma falta de ar, por exemplo, ou, então, a diarreia ou vômito — configura-se um quadro mais grave, chamado de anafilaxia. Outros sintomas graves incluem respiração com dificuldade, mudanças na voz, estridor no pulmão, inchaço das mucosas, perda urinária ou de consciência, entre outros.
— Quer dizer que a reação ataca de forma sistêmica, não é só no local. Pode evoluir para um edema de glote (fechamento da garganta) e até para uma parada cardíaca. Tem de ser tratado imediatamente. Quem tem diagnóstico de alguma alergia que é conhecida por causar anafilaxia precisa ter canetas de adrenalina, o único tratamento é o uso de adrenalina intramuscular — explica Helena.
Nesses casos, inicia-se ainda uma investigação. Os pacientes com alergias podem fazer uso de medicações, como antialérgicos, corticoides orais, além de outras opções, conforme a gravidade do caso — sendo orientados pelo médico a quando buscar injeções e quando buscar comprimidos, destaca Mariana.
Sinais de alerta
Conforme as especialistas, é preciso ficar atento aos seguintes sintomas e buscar atendimento médico caso ocorram, não deixando que evoluam:
- Coceira, ressecamento ou dermatite na pele
- Manchas na pele que aparecem em contato com determinadas coisas
- Descamação e ressecamento das mãos
- Tosse contínua que não apresenta melhora
- Nariz sempre escorrendo ou coçando
- Diarreia
- Alguma reação após utilizar uma medicação
- Sintomas mais graves, como falta de ar, tontura, perda de consciência ou urinária, mudanças na fala, como rouquidão, dor abdominal, inchaço de língua e olhos