Com a aproximação do inverno, a chegada do frio vem acompanhada da preocupação dos pais com a saúde dos pequenos, por conta do aumento de casos de doenças respiratórias, típicas dessa época do ano. Com isso, os cuidados com o nariz se tornam ainda mais importantes, uma vez que ele funciona como a porta de entrada no organismo para diversas infecções do trato respiratório.
Para isso, a recomendação de especialistas para as crianças que sofrem com problemas respiratórios é manter uma rotina constante de limpeza das narinas, por meio da lavagem nasal. Embora simples, esse procedimento tem um grande potencial para auxiliar na saúde respiratória dos pequenos, conforme explica Catia Saleh Netto, médica do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre:
— A lavagem auxilia no tratamento das doenças respiratórias, elimina excesso de muco, ajuda a umidificar a mucosa e alivia os sintomas de obstrução nasal. Além disso, também ajuda a prevenir infecções reduzindo a quantidade de vírus e bactérias nas vias áreas superiores.
De acordo com a otorrinolaringologista, não há idade mínima para a lavagem nasal — os pais podem começar quando o filho ainda é recém-nascido, desde que se tenha um cuidado com a quantidade de soro utilizado. Da mesma forma, não há idade máxima: a recomendação também vale para adultos.
Independente da idade, o ideal é que o procedimento seja feito regularmente pelas pessoas que costumam ter problemas respiratórios como rinite ou sinusite, podendo ser adotado na rotina de cuidados com a saúde.
— A recomendação é fazer diariamente como adjuvante do tratamento. Os estudos mostram benefício nos sintomas nasais e não se evidenciam prejuízos à saúde em longo prazo — explica Catia.
Mas como fazer?
Hoje em dia, já existem diversas "ferramentas" que podem ser usadas para fazer a lavagem nasal, que podem ser facilmente adquiridas em farmácias. A mais comum delas é a seringa com soro fisiológico, mas há jatos contínuos, spray de soro e garrafa de alto volume.
— Procuramos junto aos pacientes e familiares identificar o tipo de dispositivo com que eles mais se adaptam. O jato contínuo faz menos volume do que a garrafa de alto volume ou seringa. Quando tem uma secreção mais espessa acaba se dando preferencia aos dispositivos de alto volume — explica a especialista.
A recomendação é que a criança esteja sentada e com a cabeça levemente inclinada para frente. Em crianças maiores, que têm compreensão do que está sendo feito, os pais podem pedir para que fiquem com a boca aberta, mas não é necessário. O soro, por sua vez, deve estar em temperatura ambiente ou levemente morno.
A quantidade de soro depende do tamanho da criança. Embora não haja uma medida exata estabelecida, a médica recomenda iniciar o processo com 1 a 2 ml. No caso do jato contínuo, que libera o soro enquanto é pressionado, recomenda-se apertar por três segundos.
— Uma dica para as mães é sempre começar com pequenos volumes e pouca pressão. Aos poucos, vai aumentando conforme a necessidade da criança. Se o objetivo é umidificar, use pouco volume e pouco jato. Se o objetivo for remover a secreção, use quantas vezes for necessário — destaca a otorrinolaringologista.
Ao se injetar o soro, ele pode sair pela mesma narina ou pela do outro lado. A criança também pode engolir e a secreção será digerida. A especialista recomenda que o procedimento seja feito antes das refeições ou antes da mamada, porque o nariz fica desobstruído antes da alimentação e algumas crianças podem ter náusea.
Ao finalizar o processo, em crianças pequenas, menores de um ano, que estão com secreção, recomenda-se usar um sugador. Em crianças maiores, os pais podem pedir para que ela assoe o nariz, sem necessidade de sugar.
Lavagem nasal causa otite?
Alguns pais podem ficar receosos para fazer a lavagem pelo risco de causar otite nas crianças. Mas quando feita de forma adequada, o soro com a secreção sairá pela própria narina ou será deglutido e eliminado pelas fezes, não se acumulando no ouvido.
— É importante ter o cuidado de não colocar pressão excessiva na lavagem nasal, evitando que o soro penetre na tuba auditiva e chegue internamente até o ouvido. Lembrar que o volume é mais importante do que a pressão. Os estudos de longo prazo não identificam aumento de otites com lavagem nasal. Pelo contrário, com o melhor controle dos problemas nasais, reduzimos as infecções respiratórias.
*Produção: Isabel Gomes