Os moradores de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, estão enfrentando dificuldades há cerca de 10 dias para conseguir atendimento no Hospital Padre Jeremias. A instituição está recebendo apenas pacientes classificados com quadros urgentes e que chegam por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O motivo é a redução da equipe médica por falta de pagamento aos profissionais contratados de forma terceirizada.
Conforme a Fundação Universidade de Cardiologia, responsável pela gestão da instituição, 56 médicos que atuam no Padre Jeremias receberam na última sexta-feira (23) 30% do pagamento atrasado referente ao mês passado. A instituição afirma ainda que espera fazer o pagamento dos 70% restantes nos próximos dias.
Os outros 39 médicos, que são celetistas, estão com pagamento em dia e seguem atuando normalmente. No entanto, segundo a entidade gestora, não é possível manter o atendimento normalizado. A entidade ressalta que o atraso ocorre devido aos R$ 3,75 milhões repassados pelo Estado serem insuficientes para cobrir as despesas da instituição.
Por conta da restrição, a prefeitura de Cachoeirinha vê com preocupação o aumento da procura nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) do município. Para tentar auxiliar o maior número de pessoas, uma das unidades de saúde da cidade vem atendendo aos sábados.
— Nossas equipes vêm trabalhando para encaminhar pacientes para outros municípios da Região Metropolitana, pois não estão conseguindo atendimento. Isso é uma realidade. Desde que a restrição começou, observamos um aumento significativo de pessoas nas UPAs. Temos dados que apontam que já foram realizados mil atendimentos a mais neste mês de junho em comparação com o mesmo período do ano passado — afirmou o prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasen.
Por meio de nota, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) ressaltou que a ação dos médicos não se trata de uma greve, e sim de uma restrição legítima, já que casos sem gravidade podem e devem ser absorvidos pelas unidades de saúde.
Já a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que notificou o hospital para que cumpra os serviços que tem contratado com o Estado e ressaltou que a admissão de profissionais é responsabilidade da instituição.
Mudança na gestão do hospital
Conforme a prefeitura de Cachoeirinha, a situação difícil do Hospital Padre Jeremias não é algo recente. A Administração relata dificuldades de comunicação com a Fundação Universidade de Cardiologia. Por conta disso, o executivo municipal solicitou ainda no mês de maio uma mudança na gestão do hospital.
A expectativa do Executivo municipal é que um edital seja lançado pelo governo do Estado, mas ainda não há previsão de quando acontecerá. Nos próximos dias, o prefeito Cristian Wasen espera conseguir uma audiência com o governador Eduardo Leite para tratar do tema.
GZH buscou um posicionamento da SES a respeito desta possibilidade de troca na gestão do hospital. No entanto, não obteve retorno. A Fundação também não comentou a respeito do tema.