Os médicos que atuam no IPE Saúde decidiram manter a paralisação das atividades pela segunda vez. A decisão veio após uma assembleia geral realizada pela categoria na noite desta terça-feira (2). Os profissionais estão sem atender o convênio desde o dia 10 de abril. Um novo encontro deve ocorrer no dia 23 para reavaliar a medida.
Os profissionais buscam a modificação dos honorários médicos e de procedimentos hospitalares que, segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), estão há 12 anos sem receber reajustes. Desde que o governador Eduardo Leite apresentou o projeto inicial de reestruturação do IPE Saúde, foram realizadas reuniões entre o governo e a categoria, para que fossem apresentadas as propostas que buscam atender as demandas dos médicos.
O Piratini promete que, com a arrecadação fruto do novo modelo, será possível repassar aos médicos R$ 140 milhões. No entanto, segundo o presidente do Simers Marcos Rovinski, ainda não ficou claro de que forma o repasse seria feito.
— Ainda não há um indicativo de como vamos receber o repasse. Isso se esse incremento será mesmo de 140 milhões, já que o projeto precisará ser votado ainda. Decidimos seguir paralisando, e vamos continuar as negociações — afirma.
Outra reivindicação é o padrão de precificação da tabela. Enquanto o IPE usa os próprios critérios de precificação, médicos cobram que seja aplicada a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). O Simers alega que a classificação é utilizada por outros planos de saúde, e que não há sinalizações de inclusão da classificação no projeto.
Participaram da assembleia cerca de 200 profissionais. Ao longo da reunião, os médicos foram orientados a solicitar licenças temporárias para que sejam autorizados a ficar sem atender os conveniados. O sindicato não divulgou quantos profissionais estão aderindo à paralisação.
— O que sabemos é que restringiu muito o atendimento do Ipe nas últimas semanas. Muita gente está participando — conclui Rovinski.
GZH entrou em contato com o IPE Saúde. Em nota, a instituição informou que, desde o início da paralisação, houve uma redução de até 15% em relação à média de consultas, que é de 11 mil por dia. Isso significa que, de acordo com o órgão, desde o início das restrições, são 1.650 atendimentos a menos diariamente.
Leia a nota na íntegra:
Em relação ao anúncio de continuidade na paralisação parcial de médicos, o IPE Saúde esclarece que está com o funcionamento normal de seus sistemas e orienta os segurados a buscar alternativas de atendimento no Guia Médico Hospitalar, que traz possibilidades de médicos, hospitais e demais tipos de prestadores credenciados no guia médico hospitalar, no site. Os números indicam que houve uma redução entre 10% e 15% de dias normais, o que está dentro da expectativa. Hoje, há um total de 6.370 médicos, 244 hospitais, 660 laboratórios e 54 pronto socorros credenciados ao IPE Saúde em todo o Estado.
O instituto salienta que vem monitorando os atendimentos e prestando auxílio aos segurados. Além disso, nas últimas semanas, o IPE Saúde tem trabalhado no aprimoramento da proposta de reestruturação apresentada em abril. Junto com o governo do Estado, o presidente Bruno Jatene tem dialogado com entidades representantes dos segurados, entidades médicas e partidos políticos. A proposta prevê a implantação de um amplo projeto de reestruturação que trará sustentabilidade ao sistema como um todo e permitirá promover reajuste nos honorários médicos, conforme a aprovação da proposta aprovada na AL.