Correção: o procedimento ao qual a filha de Viih Tube e Eliezer foi submetida se chama frenotomia, e não frenectomia, como publicado entre 18h25min de 17 de abril e 9h20min de 18 de abril. O texto já foi corrigido.
A bebê Lua di Felice, filha do casal de ex-BBBs Eliezer e Viih Tube, nasceu no dia 9 de abril e, poucos dias depois, passou por uma frenotomia lingual. O procedimento, indicado para crianças com alguma espécie de anomalia no freio lingual, divide opiniões entre médicos, fonoaudiólogos e odontólogos. Com a estrutura da língua alterada, alguns bebês podem ter dificuldade para mamar e, futuramente, apresentar distúrbios de fala, como língua presa.
Desde 2014, a Lei Nº 13.002 obriga a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, também conhecido como teste da linguinha, em todos os recém-nascidos. O teste, que consiste em observar o formato e a posição da língua, pode ser feito por fonoaudiólogos, médicos e odontólogos, e costuma ser realizado junto com os outros exames de triagem, como o teste do pezinho.
O objetivo do teste é identificar se o bebê tem anquiloglossia, ou seja, uma anatomia alterada do freio lingual, que pode restringir os movimentos da língua. Alguns especialistas defendem que essa alteração pode ter efeitos negativos na amamentação, uma vez que o bebê tem dificuldade em colocar a língua para fora, o que impede o movimento de sucção.
A influenciadora digital relatou aos seguidores nas redes sociais que notou que tinha algo diferente na hora da amamentação. “Antes de fazer, ela mamou. Fez bolha de sucção, fez várias coisas. E eu saber que estava errado facilitou muito”, descreveu Viih Tube. Além do teste da linguinha, observar a mamada é essencial para identificar se há anquiloglossia. Caso a condição seja confirmada, parte dos profissionais indica a realização da frenotomia lingual. O procedimento, porém, divide opiniões.
— Quando o bebê é recém-nascido, o procedimento é muito simples. Nós utilizamos uma tesoura bem pequena para fazer um pequeno corte, ou um piquezinho, como chamamos, no freio. O bebê chora e, no momento do choro, o freio rasga. Colocamos o bebê para mamar e, com o movimento, o freio termina de rasgar. Não leva anestesia porque a dor de anestesia seria maior do que a dor do corte, que é quase indolor. Neste procedimento, a mãe costuma chorar mais que o neném — explica a chefe do Serviço de Odontologia Hospitalar e Cirurgia Bucomaxilofacial da Santa Casa de Porto Alegre, Luciana Zaffari.
A dificuldade de mamar é o maior motivo para realizar a frenotomia. Mas segundo o pediatra e neonatologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leandro Meirelles Nunes, não há evidências na literatura que comprovem que, a longo prazo, o procedimento resolva o problema. Por isso, para ele, é necessário fazer uma investigação mais profunda antes da decisão.
— Normalmente, o profissional vai ver que a criança não está mamando muito bem, vai ver que tem alteração na anatomia do freio e vai realizar o procedimento. Mas estudos comparativos mostram que não tem diferença na mamada do bebê que fez para o bebê que não fez o procedimento. Então, basicamente, se a criança tem anquiloglossia e não tem repercussão com a amamentação, aconselho deixar o freio intacto. Se tem problema na amamentação, indico primeiro corrigir posicionamento e pega do bebê no peito. Se corrigiu, deixa o freio quieto. Senão, aí sim é a hora de conversar com os profissionais responsáveis para avaliar uma frenotomia — afirma.
Para Luciana, a chance de a criança com anquiloglossia crescer com distúrbios de fala e ter língua presa, trocar letras ou, até mesmo, dislexia, é um dos argumentos a favor da realização do procedimento nos primeiros meses de vida. A fonoaudióloga da Equipe Multidisciplinar do Hospital Mãe de Deus, Dandara Piloti, explica que nem todas os bebês irão desenvolver essas condições, mas que a limitação dos movimentos da língua pode impactar em diferentes aspectos da vida da criança, até na mastigação.
O outro argumento a favor da frenotomia é que o procedimento é mais simples e menos doloroso quando bebê na comparação com outras idades. Depois, segundo Dandara, o procedimento passa a se chamar frenectomia e envolve anestesia e sutura, podendo ser mais estressante e ter uma recuperação mais longa.
— A fala da criança será avaliada depois, quando ela começar a falar. Caso seja necessário, ela pode fazer o procedimento. Mas não tem por que fazer com dias de vida sem tentar corrigir o posicionamento antes só porque doerá menos se for feito quando o bebê ainda está sendo amamentado — conclui Nunes.
O especialista ressalta que a comunidade médica não é contra o procedimento, mas que acredita que seja necessário fazer mais testes, além do teste da linguinha, e que outras alternativas devam ser testadas antes da realização da frenotomia. Nunes defende que, caso o procedimento seja feito sem necessidade, existe o risco de hemorragias ou, até mesmo, perda de sensibilidade na língua.