Seis hospitais de Porto Alegre enfrentam problemas de superlotação em suas emergências adultas neste sábado (25). O Hospital de Clínicas, por exemplo, possui 56 leitos e estava com 119 pacientes internados no setor, além de outros 67 aguardando vaga, o que representa uma superlotação superior aos 212%. A instituição segue atendendo apenas casos que chegam ao local com risco de morte.
A Santa Casa de Misericórdia aparece logo atrás com demanda muito acima da capacidade. Com apenas 24 leitos disponíveis, 46 pessoas estavam internadas na emergência, ou seja, é quase uma cama para cada dois pacientes. Além disso, a situação não deve melhorar nas próximas horas, já que outras 31 pessoas aguardavam por uma vaga no setor. A lotação é superior a 191%.
O coordenador de Pacientes Externos do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), Sati Jaber Mahmud, explica o que tem ocasionado procura tão acentuada.
— Um dos motivos que pode influenciar é o retorno da volta às aulas. A população que estava na praia voltou e isso aumenta as aglomerações e a circulação de pessoas na cidade — observa, salientando que ainda é cedo para dizer com certeza que se trata de algo sazonal ou possa ter relação com alguma outra razão.
O cenário se repete em outras tradicionais instituições da Capital. O Instituto de Cardiologia (166,6%), o São Lucas (150%), o Hospital da Restinga (144,4%) e o próprio Hospital Nossa Senhora da Conceição (129,6%) operam acima de suas capacidades. A única exceção é o Hospital Vila Nova, que oferece 26 leitos e tem 21 internados, mas que contava com cinco pessoas esperando por internação no início da tarde deste sábado.
No caso do Conceição, a procura segue por atendimentos usuais e já conhecidos.
— Nossa demanda permanece a mesma. As pessoas nos procuram com dores abdominais, torácicas e AVCs (acidentes vasculares cerebrais). E os demais chegam com suspeita de infecção ou são pacientes oncológicos, com alguma piora clínica — relata Sati Jaber Mahmud.
Nas últimas semanas, GZH mostrou que entre os fatores que contribuem para a superlotação das emergências de hospitais de Porto Alegre estão doenças crônicas instáveis e agravadas, impossibilidade de atendimento em unidades básicas de saúde, fila para procedimentos, pacientes vindos de outras cidades e até um fenômeno sazonal.
UPAS
Para agravar o panorama, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Bom Jesus, da Cruzeiro do Sul, da Lomba do Pinheiro e da Moacyr Scliar também registram superlotação.
No caso da Bom Jesus, existem sete leitos disponibilizados para 22 internados. Sete pessoas aguardavam por internação. A lotação no local ultrapassava os 314%.
Na soma dos dados dos hospitais com as UPAs, a superlotação estava em 159,85% neste sábado, às 12h.