A intensa onda de calor que atinge o Rio Grande do Sul desde terça-feira (24), quando o Estado foi o mais quente de todo o Brasil, acende um alerta para a necessidade de adotar cuidados extras com a saúde nesses períodos. Isso porque as máximas de até 40°C e a baixa umidade relativa do ar podem gerar uma série de efeitos prejudiciais, especialmente para quem trabalha ou faz exercícios físicos na rua.
Na terça, as cidades de Quaraí e Uruguaiana, na Fronteira Oeste, marcaram 40,3ºC e 40,7ºC, respectivamente. A expectativa é que Porto Alegre registre até sexta-feira (27) sua maior temperatura neste ano, próxima dos 40°C. Diante da previsão para os próximos dias, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta, informando que a temperatura ficará cerca de 5ºC acima da média.
De acordo com a Climatempo, nesta quarta-feira (25), o calor será mais forte na Fronteira Oeste e na Campanha, com termômetros beirando os 40°C. Já na Região Metropolitana, no Norte, na Serra e no Litoral Norte, os dias mais quentes serão quinta (26) e sexta (27).
— Na sexta-feira, antes da frente fria chegar, esquenta muito, por conta da intensificação de vento quente do quadrante Norte. É por isso que a sexta deve ser o dia mais quente em Porto Alegre e a gente pode ter recorde de máxima no ano — explica a meteorologista da Climatempo Carine Gama.
Em todos esses dias, apesar da possibilidade de chuva em algumas regiões, haverá muito sol. Além disso, o índice ultravioleta está extremo para todo o Rio Grande do Sul, alerta Carine. Portanto, é indispensável o uso de protetor solar, bonés ou chapéus e até camisetas de manga comprida, com proteção ultravioleta.
Para quem faz exercícios ao ar livre, os cuidados são ainda mais necessários. A indicação é planejar o horário, evitando da faixa entre 10h e 16h, que é quando o sol está mais forte, e buscando locais na sombra sempre que possível. Também é fundamental usar roupas leves.
Nesses casos, o filtro solar deve ser aplicado ainda em casa, entre 30 e 40 minutos antes da exposição, para que seja bem absorvido. Analupe Webber, dermatologista e diretora da seção Rio Grande do Sul da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-RS), indica protetores específicos para esportistas por serem mais aderentes e durarem mais.
Baixa umidade relativa do ar
Junto ao calorão, as áreas centrais do Rio Grande do Sul e de fronteiras com o Uruguai e com a Argentina são marcadas pela baixa umidade relativa do ar nesta quarta. A previsão é que o índice fique entre 12% e 20% nessas regiões, configurando estado de alerta. Porto Alegre deve registrar em torno de 30%, nível considerado como estado de atenção. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal é entre 60% e 80%.
Conforme a pneumologista e professora do curso de medicina da Faculdade Feevale Simone de Leon Martini, a baixa umidade pode gerar alguns efeitos na saúde:
— O ar seco causa ressecamento nasal, o que pode causar coceira no nariz e nos olhos, rouquidão, sangramento nasal e aumenta a percepção dos sintomas das condições como rinite, sinusite, amigdalite e faringite.
Simone explica que isso acontece porque a função do nariz é filtrar o ar e, para isso, deve haver umidificação. Quando há ressecamento, o nariz não faz a barreira e acaba ficando livre para receber essas infecções respiratórias.
O médico intensivista Tiago Almeida Ramos, que é gerente médico do Hospital Mãe de Deus, acrescenta que, quando os níveis de umidade relativa do ar é extremamente baixa, menor de 12%, os sinais de alerta em relação à saúde aumentam. Com índices reduzidos, é sugerido, inclusive, que se evite atividades físicas ao ar livre.
— Obviamente essa umidade muito baixa favorece a desidratação do corpo. Existem evidências também de que esses baixos índices podem favorecer doenças crônicas a descompensarem ou até doenças cardiovasculares a acontecerem, como AVCs e infartos, porque o corpo começa a trabalhar com maior índice de estresse — alerta Ramos.
Por isso, a hidratação contínua é outro ponto extremamente importante, sendo necessário tomar pelo menos dois litros de água por dia. Também é preciso levar algo para beber, caso vá praticar exercício físico.
— As principais pessoas que devem ter atenção neste ponto são os idosos e as crianças, pela natural baixa ingestão hídrica e por terem um risco maior de desidratação, comparado aos adultos — orienta o intensivista.