O ano ainda nem acabou, mas de A a Z, ou melhor, de Aceguá a Xangri-lá, todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul registraram ao menos um caso de coronavírus em 2022. Por outro lado, até o momento, 116 cidades (ou 23,3% do Estado) não lidaram com mortes relacionadas ao Sars-Cov-2.
A análise foi feita por GZH na manhã deste domingo (11) com base em estatísticas informadas pelos municípios à Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS). O cenário contrasta com o de 2021.
No ano passado, dois municípios passaram oficialmente ilesos ao Sars-Cov-2: Ibiaçá, no Norte, e Vista Gaúcha, no Noroeste, segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais divulgada na quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o Brasil, apenas outros 17 dos 5.517 municípios não registraram casos de coronavírus em 2021.
Entre 2021 e 2022, as características da pandemia mudaram. Até novembro do ano passado, o Rio Grande do Sul lidava com variantes mais graves, porém menos transmissíveis, como Beta e Gama. Ao fim de 2021, o Estado detectou a primeira versão da Ômicron, que geraria a maior onda de casos já registrada - o ápice ocorreu entre as festas de fim de ano e o início de 2022.
Ao longo deste ano, surgiram subvariantes da Ômicron ainda mais transmissíveis, porém sem indícios de serem mais letais. O cenário com “filhas” e “netas” da Ômicron, com poder de infecção aumentado, queda do distanciamento social e desobrigação do uso de máscaras favoreceu a difusão do Sars-Cov-2 por todos os municípios gaúchos em 2022.
Ao mesmo tempo, dada a alta taxa de cobertura vacinal, a covid-19 tem menor impacto nos hospitais, gerando preocupação maior somente entre indivíduos mais vulneráveis, como não imunizados, idosos de idade avançada e imunossuprimidos (transplantados, pacientes em tratamento contra o câncer, entre outros).
Dados do portal coronavirusbra1.github.io, que compila estatísticas das secretarias estaduais da Saúde, mostram que o Rio Grande do Sul é a segunda unidade da Federação com maior cobertura vacinal de terceira dose. Conforme números do Palácio Piratini, quase 55% dos gaúchos tomaram três doses, esquema vacinal atualmente considerado completo. Cerca de 83% tomaram duas doses.
A cobertura é alta, mas especialistas em saúde pública destacam que é grande o contingente de gaúchos com esquema vacinal incompleto - 5,8 milhões, praticamente metade da população, está com segunda, terceira ou quarta dose em atraso.