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Síndrome do túnel do carpo: o que é, quais os sintomas e como tratar

Por estar ligada a alterações hormonais, condição é mais comum em mulheres grávidas ou que estão passando pela menopausa

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O formigamento constante, mas principalmente à noite, nos dedos polegar, indicador e médio pode ter uma justificativa de fácil diagnóstico. Tal sintoma é o que caracteriza a síndrome do túnel do carpo, condição comum em mulheres que estão passando pela menopausa, distúrbio hormonal, gravidez ou pessoas que fazem alguma atividade de esforço repetitivo com a mão. A síndrome causa dores e desconfortos, mas as opções de tratamento disponíveis possibilitam o alívio e o fim dos sintomas.

Composto por ossos  e um ligamento que formam o túnel, por onde passam nove tendões e um nervo, o túnel do carpo faz parte da estrutura anatômica do punho, e é responsável pela sensibilidade do polegar, indicador e do dedo médio. A síndrome do túnel do carpo ocorre quando o nervo mediano é comprimido dentro do túnel do carpo, causando a sensação de dormência. O formigamento é o principal sintoma da síndrome, mas os pacientes também podem experienciar dores, diminuição ou falta de força e de sensibilidade nos dedos polegar, indicador e médio.

— A principal queixa dos pacientes é a dor e formigamento durante à noite. Alguns pacientes acordam no meio da noite sentindo dor e com os dedos dormentes. O relato mais comum é que, ao acordar, eles têm que sacudir a mão ou colocar na água fria para aliviar o formigamento — conta o médico especialista em cirurgia da mão do Hospital Mãe de Deus e coordenador da Residência de Cirurgia da Mão do Hospital Santa Casa de Misericórdia, Milton Bernardes Pignataro.

Isso acontece porque as pessoas costumam dobrar o punho durante o sono, e a dor e a dormência se manifestam principalmente quando o punho está dobrado. Ele salienta que alguns pacientes podem sentir os sintomas ao dirigir, escrever, pilotar motos e digitar no celular ou computador.

— Em fase inicial, as pessoas costumam sentir dor à noite, enquanto dormem, ou em atividades em que o punho fique dobrado ou esticado por muito tempo. Em uma fase mais avançada da síndrome, é normal que os pacientes sintam os sintomas o tempo todo — acrescenta Pignataro.

Causa e prevenção

A síndrome do túnel do carpo é considerada idiopática. Ou seja, a causa exata não é conhecida e muitos fatores podem estar atribuídos. O coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professor livre docente, Jefferson Braga da Silva, explica que muitos fatores diferentes podem causar a compreensão do nervo.

Segundo Silva, um dos fatores está relacionado com as alterações hormonais. Por isso, é mais comum que mulheres que estejam passando ou já passaram pela menopausa, ou grávidas, desenvolvam a síndrome. Pignataro ressalta, ainda, que tem fatores hereditários. Então a filha de uma mulher que já teve a doença também tende a ter.

— No túnel do carpo, são nove tendões e um nervo. Então qualquer coisa que aumente ou edemacie os tendões ou que diminua o espaço no túnel, pode comprimir o nervo mediano. Alterações hormonais, diabetes, tireoide, tendinite e micro traumas causados por atividades repetitivas podem ser fatores para o desenvolvimento da doença — explica Silva.

O especialista pontua, ainda, que a síndrome é rara em jovens:

– Quando um jovem tem, é provável que seja porque ele tem alguma coisa a mais no túnel do carpo. Coisas congênitas, um tendão a mais, ou alguma outra alteração estrutural do túnel. A não ser que o jovem faça muito micro traumatismo.

Neste caso, o micro traumatismo pode ser causado pela prática de algum esporte, como motocross, escalada ou tênis de praia, por exemplo.

Sendo assim, a má notícia é que não tem como prevenir. Por ter relação com alterações hormonais, Silva defende que ter um bom controle hormonal e que manter a diabetes e a tireoide bem cuidada pode ajudar a diminuir as chances, mas é impossível garantir que a pessoa não terá a doença.

Diagnóstico e tratamento

Essencial para definir o tratamento correto, o diagnóstico é feito no consultório, por meio do exame físico. Alguns exames podem auxiliar no processo, como a ecografia e a eletroneuromiografia, que checa como o nervo está trabalhando. Uma vez feito o diagnóstico, e com base no relato do paciente, é possível indicar o melhor tratamento.

Para aqueles com um quadro leve da síndrome, o tratamento tende a ser o uso de uma tala no punho, para impedir que o punho dobre enquanto o paciente dorme ou realize outras atividades. Além disso, os médicos podem indicar medicamentos para aliviar os sintomas. 

Silva ressalta que, quando a síndrome é causada pela gravidez, os sintomas tendem a diminuir depois do parto e durante a amamentação, até que a doença vá embora por completo. 

A cirurgia é uma opção para quadros mais graves da doença. Com duração de, no máximo, 30 minutos, e disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o procedimento é seguro e promete acabar com a dor e o desconforto.

— A pessoa não perde nada em operar, mas tem que ter o diagnóstico correto, senão pode piorar. O procedimento faz a liberação do túnel, é como se tivesse com uma roupa apertada e afrouxa a roupa, dando espaço ao nervo mediano — explica Pignataro.

Para Silva, a cirurgia tem custo baixo e benefício alto, uma vez que acaba totalmente com a dor.

— Depois de operado, a síndrome não volta mais. Mas é importante lembrar que é uma doença bilateral. Então o paciente pode operar uma mão e, depois, quando sentir os sintomas, operar a outra — acrescenta.

Os especialistas, porém, enfatizam que o melhor tratamento é o diagnóstico prévio. Em alguns casos, se for diagnosticada cedo, é possível curar a doença ou regredir de estágio sem a necessidade de cirurgia.

*Produção: Yasmim Girardi

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