Mais de 60% das 1.397 mulheres das cinco regiões do Brasil que participaram da pesquisa Câncer de Mama Hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença? consideram o autoexame como principal forma de detectar câncer de mama em estágio inicial, percepção que difere da recomendação médica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o autoexame é indicado como autoconhecimento em relação ao próprio corpo, mas não deve substituir os exames realizados ou prescritos pelo médico, já que muitas lesões, ainda pequenas, não são palpáveis.
Além da confusão em torno do papel do autoexame, a maioria das mulheres ouvidas pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) também demonstra desconhecer as recomendações médicas para a realização da mamografia. Para 54% delas não está clara a necessidade de passar pelo procedimento caso outros exames, como o ultrassom das mamas, não indiquem alterações, 38 % acreditam que a mamografia deve ser feita apenas mediante achados suspeitos em outros testes, enquanto 16% não sabem opinar.
A médica mastologista Maira Caleffi, chefe do Núcleo de Mama do Hospital Moinhos de Vento, alerta que é fundamental fazer a mamografia de rotina a partir dos 40 anos.
— Ainda bem que elas estão fazendo o autoconhecimento, esta autopalpação da mama. Mas a prática da mamografia tem que ser, para a maioria dos especialistas, acima dos 40 anos, anual, e é a única forma, realmente, de detectar a doença ainda num estágio muito precoce, menor do que 1 cm. A mão ou o dedo não conseguem identificar, na maioria das vezes, tumores entre 1 cm e 2 cm — explica Maira.
O levantamento também apontou que 51% das entrevistadas não estão cientes da importância da recomendação de que, a partir dos 40 anos, as mulheres devem realizar a mamografia,e 13% estão convencidas de que as mulheres devem começar com os exames de rastreamento apenas quando entram na menopausa.
Os dados da pesquisa indicam que o cenário pandêmico continua a impactar o cuidado com a saúde feminina. Quando questionadas sobre os exames mamários feitos nos últimos 18 meses, 48% das participantes do levantamento responderam que não realizaram procedimentos com acompanhamento médico: 21% recorreram ao autoexame e 27% não passaram por nenhuma avaliação nesse período.
Realizado pelo Ipec a pedido da Pfizer, a pesquisa entrevistou internautas com mais de 20 anos e moradoras de Porto Alegre, de São Paulo (capital), Rio de Janeiro, Recife, Distrito Federal e das regiões metropolitanas de Belém.