Considerada uma mulher com "saúde de ferro", como descrevem os especialistas na história da realeza britânica, Elizabeth II "morreu pacificamente", aos 96 anos, conforme informou a família real. A causa da morte não foi divulgada, permanecendo como um mistério. Ao partir para sempre, a monarca mais longeva do Reino Unido estava entre familiares no Palácio de Balmoral, na Escócia, um dos lugares que mais gostava de frequentar.
De acordo com o chefe do serviço de Geriatria da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Virgílio Olsen, ainda que não saiba a causa real da morte da monarca, uma coisa é certa: ela não morreu devido à idade.
— Ela morreu de alguma causa natural ou de uma doença que não foi contada. Mas não se pode dizer que foi porque ela tinha 96 anos. Se olharmos uma foto da rainha dos últimos seis meses, aparentemente, ela vinha num processo chamado de fragilidade, de fase final de vida, quando começa a dar sinais de mais cansada e, até, mais magra — aponta Olsen.
De acordo com alguns sites de notícias internacionais, Elizabeth II teria sofrido uma queda antes de morrer, mas a informação não foi confirmada pelo Palácio de Buckingham. Mesmo que não tenha ocorrido o acidente doméstico, a rainha vinha enfrentando um quadro de saúde que inspirava cuidados desde outubro do ano passado, quando foi internada em Londres, na Inglaterra, após passar mal e precisar de exames.
Em 20 de outubro de 2021, ela foi impedida pelos próprios médicos de embarcar para a Irlanda do Norte. Na época, cogitou-se um possível diagnóstico de covid-19, mas as fontes do palácio negaram. No dia seguinte, a rainha passou a madrugada no Hospital Rei Edward VII, em Londres, e voltou para casa na manhã do mesmo dia. A Coroa britânica não divulgou o real motivo da internação. Um informante próximo da realeza relatou à Reuters que o pernoite havia sido uma "medida de precaução". De acordo com o porta-voz, "após aconselhamento médico de que deveria descansar por alguns dias, a rainha foi ao hospital na quarta-feira para investigações preliminares". Em fevereiro deste ano, para agravar a situação, Elizabeth II foi diagnosticada com covid-19.
Segundo o médico geriatra do hospital Santa Casa, alguns sinais são considerados comuns quando a pessoa está num processo de fase final de vida por causas naturais: ela vai se tornando mais lenta, passa mais tempo sentada ou deitada do que fazendo atividades, dorme mais e come menos.
— Há um conceito dentro da geriatria chamado de síndrome de fragilidade, que são aspectos da pessoa que a tornam mais vulnerável, inclusive, a uma gripe ou infecção. E esta gripe (covid-19 que a rainha teve em fevereiro deste ano) pode ter colocado a rainha em outro estágio de quantidade de vida — explica Olsen.
O funeral de Elizabeth II ocorrerá na Abadia de Westminster, no dia próximo dia 19, e teve parte dele planejado pela própria rainha, segundo o Palácio de Buckingham. Entre os pedidos da monarca está a execução de uma música por seu gaiteiro de fole oficial. Assessores do palácio dizem que a monarca foi consultada sobre todas as etapas, inclusive, na seleção das músicas e das leituras, que deverão refletir os gostos pessoais dela para o seu próprio funeral.
Outras situações envolvendo a saúde da monarca:
2020
Em janeiro daquele ano, a rainha deveria fazer uma visita agendada à filial do Women's Institute, em Sandringham, porém, devido a problemas de saúde, precisou faltar ao compromisso. Chegou-se a divulgar que teria sido um resfriado leve.
2018
Em junho de 2018, os médicos obrigaram a rainha a cancelar a participação em uma cerimônia religiosa, em Londres. "A rainha está se sentindo mal hoje e decidiu não comparecer ao culto desta manhã na Catedral de São Paulo que marca o 200º aniversário da Ordem de Miguel e São Jorge", informou um porta-voz do palácio na data.
2018
Em maio, Elizabeth II passou por uma cirurgia de catarata, mantida em segredo até 30 dias depois da intervenção, quando a imprensa descobriu o fato. Conforme a agência Press Association, ela não precisou cancelar compromissos oficiais após o tratamento. Mas compareceu aos eventos usando óculos escuros.
2016
Em 2016, pela primeira vez em quase 30 anos, Elizabeth II não compareceu ao culto natalino tradicional da família devido a um forte resfriado. O Palácio de Buckingham, na época, comunicou que a monarca permaneceu em repouso para se recuperar da doença.
2013
Uma gastroenterite fez a rainha passar uma noite num hospital. Conforme colaboradores do palácio, a decisão foi uma "medida de precaução". Por ordens médicas, ela precisou cancelar a agenda da semana, incluindo uma turnê real pela Itália.
2003
Em outubro daquele ano, a rainha passou por uma cirurgia no Hospital Rei Edward VII para remover uma cartilagem rasgada no joelho direito. Na nota, os especialistas informaram que a intervenção bem-sucedida envolveu duas equipes de cirurgiões. O médico da soberana, Richard Thompson, acompanhou o procedimento. Elizabeth ficou apenas um dia internada.