Mesmo que os dias de cara amarrada, ainda frios e chuvosos, não convidem a uma comemoração mais ostensiva, a primavera, que tem início às 22h4min desta quinta-feira (22), anuncia o começo de um período de dias mais longos, clima típico da transição do frio para o calor e disposição elevada para atividades de socialização, geradoras de bem-estar.
De acordo com o psicólogo Wagner de Lara Machado, professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o funcionamento do organismo se beneficia dos períodos mais extensos de luz solar, o que já interfere na modulação do humor. Vai ficando para trás, gradualmente, o frio, o que permite a retomada das áreas ao ar livre, especialmente para atividade física, para quem se recolheu durante o inverno.
— Pesquisas mostram que o contato com áreas abertas, como parques e trilhas, trazem uma sensação de bem-estar que é importante, principalmente, para pessoas que vivem em ambiente urbano. Para quem está em ambiente urbano, é um momento de reconexão com a natureza — comenta Machado, também doutor em Psicologia e coordenador do Grupo de Pesquisa Avaliação em Bem-estar e Saúde Mental da universidade.
Com temperaturas mais amenas e tempo bom, as pessoas, além de saírem mais de casa, encontram-se mais umas com as outras. Aumentam os convites para atividades em grupos, almoços, jantares, passeios, viagens. Aí o clima favorece outra atividade fundamental para a saúde emocional: a possibilidade de uma conversa presencial mais demorada.
— O isolamento gera extremo desconforto. Desfrutar da primavera com a possibilidade desses encontros é muito importante. É nessas atividades que nos reconectamos com os outros. A troca de experiências permite colocar a sua experiência em perspectiva. Você fica sabendo o que acontece com os outros e pensa em como lidar com as suas questões — explica Machado.
Considerando-se todas as mudanças ambientais capazes de impactar nosso comportamento, o psicólogo resume:
— A primavera é muito amiga da saúde mental.
Há ainda outro benefício valioso nas estações intermediárias, que se interpõem entre os extremos do calendário. Segundo o professor da PUCRS, estudos apontam para ganho cognitivo e aumento de criatividade na primavera e no outono:
— Não ter preocupação com o desconforto do clima permite colocar energia em outras atividades, mais inventivas. O excesso de frio ou de calor gasta o nosso tempo. Nas estações amenas, temos melhor performance.