Um recipiente com água e um canudo pode ajudar pacientes que apresentam problemas respiratórios, como os provocados pela covid-19. Chama-se incentivador respiratório e foi criado pelo aluno de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo (UPF) Humberto de Oliveira Campos, 39 anos. O equipamento chegou a ser selecionado no Programa Centelha, do governo federal, que incentiva empreendimentos inovadores, e agora entrará em fase de testes com voluntários.
O incentivador respiratório que Campos criou é semelhante a outros aparelhos que prometem melhorar a expansão respiratória, mas tem um diferencial: a quantidade de água dentro do recipiente promete tonificar ainda mais a musculatura ventilatória dos pulmões. O estudante explica:
— Com o canudo, o paciente puxa o ar profundamente e expira com força total. Quando soltar o ar, vai encontrar a resistência do volume de água, o que promove a melhora da musculatura ventilatória dos pulmões. Os outros aparelhos que existem no mercado não dão a pressão desejada para fazer a troca gasosa e a expansão pulmonar — diz.
A técnica foi elaborada durante a pandemia, enquanto Campos observava um grande número de pessoas apresentando sequelas da covid-19, como dificuldade para respirar, já que a doença afeta a capacidade dos pulmões. Mas a intenção é que também possa auxiliar em outras patologias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), causada pelo hábito de fumar.
Em 2021, a proposta ficou entre os 50 melhores projetos do Programa Centelha, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e agora aguarda investimento para tornar-se um negócio próprio. Mas ainda não passou pela fase de testes em humanos.
Segundo a professora Lia Mara Wibelinger, docente do curso de Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da UPF, que orientou Campos no desenvolvimento do aparelho, o próximo passo é comprová-lo cientificamente.
— O que o Humberto fez até agora foi a constituição do dispositivo. A partir desse segundo semestre, o aparelho será testado em pessoas, preferencialmente pacientes que estão se reabilitando da covid-19. Será feito um chamado à comunidade, selecionando voluntários. Depois, vamos validar perante um comitê científico — garante a professora.