Com os menores índices de internação e de mortes por conta da covid-19, a imunização vem se mostrado eficiente na batalha contra o coronavírus. Apesar disso, ainda é grande o número de gaúchos com esquema vacinal incompleto. Uma reportagem de GZH divulgou, na terça-feira (5), que 2,75 milhões de gaúchos estavam com a terceira dose atrasada, o que representa 24% da população do Estado, de 11,4 milhões. Outros 2,38 milhões de indivíduos já poderiam ter recebido a quarta aplicação, mas não o fizeram.
O quadro Mais Vozes, no programa Gaúcha + desta quarta-feira (6), questionou especialistas da área da saúde o porquê da baixa procura pelas doses reforço no Estado. Participaram do quadro a reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e professora de Epidemiologia, Lucia Pellanda, o médico infectologista do Hospital Conceição André Luiz Machado, o virologista e professor da Feevale, Fernando Spilki, o infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alexandre Zavascki, e o epidemiologista Paulo Petry.
Para a reitora Lucia Pellanda, as vacinas são "vítimas do próprio sucesso". A professora argumenta que, conforme a imunização mostra sua eficácia, as doenças, em sua maior gravidade, desaparecem e, justamente por conta disso, entende-se que não é mais necessário vacinar-se. Ela relembra, porém, que manter o esquema vacinal completo é essencial para impedir novas variantes do vírus.
Pelo mesmo ponto de vista, o infectologista do Hospital Conceição André Luiz Machado entende que a população começou a relaxar na busca pelo reforço quando percebeu a redução nos casos graves e óbitos. Ele alerta que, com o passar do tempo, a proteção conferida pela vacina tende a se perder, e só com a vacinação completa os baixos índices se mantêm.
Fernando Spilki, virologista e professor da Feevale, também cita a falsa sensação de segurança com a menor preocupação das pessoas com a doença. Ele ainda indica como possíveis fatores pela queda de procura da vacinação a desinformação, pela falta de conhecimento da necessidade de fazer novas doses, e informações inadequadas sobre os imunizantes e os efeitos colaterais, que por vezes podem afastar as pessoas do retorno aos postos de saúde.
O infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da UFRGS, Alexandre Zavascki, acredita que os índices estejam relacionados com a ausência de campanhas de comunicação, por parte de agentes públicos, que orientem a vacinação. Ele também cita como fator para isso a desinformação sobre os imunizantes que, de acordo com ele, é promovida inclusive por médicos.
Nesse sentido, o epidemiologista Paulo Petry também destaca as notícias falsas a respeito das vacinas contra a covid-19. De acordo com ele, politizou-se uma questão que diz respeito à saúde, o que espalhou uma cultura em que muitas pessoas não se vacinaram e outras que não completaram o esquema vacinal.