A Santa Casa do Rio Grande, no sul do Estado, anunciou que vai passar por um processo de recuperação judicial. A instituição ajuizou, na manhã desta quinta-feira (23), um pedido cautelar preparatório na 1ª Vara Cível de Rio Grande. Conforme a diretoria, a medida é a única possível para combater a grave crise financeira. A dívida chega a R$ 330 milhões e pode superar os R$ 400 milhões até o final do ano.
— O objetivo é poder estruturar essa dívida para termos a tranquilidade e o tempo necessários para que possamos fazer as mudanças importantes e buscar o equilíbrio da Santa Casa. Não é o fim da Santa Casa, é um começo. Não tem como irmos à frente sem que a gente estruture essa dívida — afirma Renato Silveira, presidente.
Uma das principais medidas para buscar o equilíbrio financeiro será o aumento da participação de convênios particulares nos atendimentos. Atualmente, 85% dos serviços são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é modificar a proporção, com 60% dos serviços pelo SUS e 40% via convênios, mas sem prejuízos ao serviço público. A justificativa da diretoria é de que os atendimentos pelo SUS não garantem retorno financeiro suficiente.
Conforme Silveira, o tempo ganho com a recuperação judicial será usado para aumentar a produtividade e qualificação de serviços, o que aumentaria a receita. De acordo com o presidente, já há a garantia de investimento de cerca de R$ 20 milhões em recursos estaduais que serão usados para adquirir equipamentos e reestruturar as áreas de diagnóstico, bloco cirúrgico, cardiologia e oncologia, além de outras melhorias.
O déficit mensal gira em torno de R$ 2 milhões, mas a instituição garante que vai seguir com os serviços prestados à população, sem prejuízos nos atendimentos.
O advogado que representa a Santa Casa, Rogério Soares, espera que o processo dure aproximadamente três anos, mas o pagamento da dívida pode levar até 20 anos. Segundo ele, é a primeira vez que um hospital entra em recuperação judicial no Rio Grande do Sul.
Agora, a administração busca uma negociação coletiva com os credores. A dívida é composta principalmente por passivos com colaboradores, fornecedores e tributos.
— É passivo de curto prazo, com exigibilidade imediata. A Santa Casa precisa, além da moratória, projetar um novo fluxo financeiro que possa contemplar o pagamento dos credores — afirma Soares.
A Santa Casa do Rio Grande é o maior hospital do Sul do Estado e conta com cerca de 500 leitos.