Autoridades de Xangai anunciaram a maior flexibilização das restrições anticovid na capital econômica da China desde o início de um severo lockdown iniciado no fim de março. Serviços de transporte, escolas e estabelecimentos comerciais serão liberados para funcionar próximo de sua normalidade a partir de quarta-feira, 1° (terça-feira, 31, no Brasil), tirando de confinamento, total ou parcialmente, cerca de 22 milhões de pessoas.
Os serviços de ônibus e metrô serão restaurados, assim como as conexões ferroviárias básicas com o resto da China, disse a vice-prefeita Zong Ming nesta terça-feira (31), em uma entrevista coletiva diária sobre o surto na cidade.
A partir da meia-noite de quarta-feira (13h de terça em Brasília), "a cidade entrará na terceira fase (do desconfinamento), com uma volta completa, mas gradual, à normalidade", disse Zong Ming, acrescentando que a epidemia foi efetivamente controlada e que Xangai iniciará o processo de retomada total do trabalho e da vida.
A cidade de mais de 26 milhões de habitantes reportou 22 novos casos de transmissão doméstica assintomática de covid-19 na segunda-feira, 20, abaixo dos 61 do dia anterior - e muito abaixo dos mais de 20 mil por dia em abril. A transmissão de casos sintomáticos aumentou de 6 para 9, mas nenhum caso foi registrado fora das áreas de quarentena.
Escolas serão reabertas parcialmente, para os dois últimos anos do ensino fundamental II e o terceiro ano do ensino médio, mas os alunos poderão decidir se querem comparecer pessoalmente. Outras classes e jardim de infância permanecem fechados. Shoppings, supermercados, lojas de conveniência e drogarias continuarão reabrindo gradualmente com não mais de 75% de sua capacidade total. Cinemas e academias permanecerão fechados.
Alguns shoppings e mercados já reabriram e alguns moradores receberam passes que os permitem sair por algumas horas de casa. Em redes sociais, algumas pessoas expressaram entusiasmo com a perspectiva de poder circular livremente pela cidade pela primeira vez desde o final de março, enquanto outros permaneceram cautelosos devido ao ritmo lento.
Apesar da reabertura prevista, mais de meio milhão de pessoas vai continuar sob lockdown - 190 mil que ainda estão em áreas de bloqueio, e outras 450 mil que estão em zonas de controle por causa de casos recentes.
Em outras áreas da cidade, trabalhadores do governo começaram a derrubar algumas das barreiras que haviam sido erguidas ao longo das calçadas durante o bloqueio. Algumas pessoas caminharam ou pedalaram pelas ruas ainda quase vazias. Um homem estava cortando o cabelo na calçada, enquanto um trabalhador ou voluntário com roupas de proteção completa observava.
Os locais turísticos ao ar livre começarão a reabrir na quarta-feira, com os locais fechados no final de junho, disse a autoridade de turismo de Xangai. Passeios em grupo de outras províncias serão permitidos novamente quando a cidade eliminar todas as zonas de pandemia de alto e médio risco.
Pequim, a capital do país, aliviou ainda mais as restrições na terça-feira em alguns distritos. A cidade impôs bloqueios limitados, mas nada perto do nível da cidade, em um surto muito menor que parece estar diminuindo. Pequim registrou 18 novos casos na segunda-feira.
O sucesso da China em conter o pior surto de covid-19 no país desde o começo da pandemia veio com um preço. O bloqueio sufocante das autoridades em Xangai, seguindo uma estratégia de "zero-covid", impôs testes em massa e o isolamento de instalações com qualquer pessoa infectada. (Com agências internacionais).