O número de novos casos de covid-19 no Brasil caiu 92% desde fevereiro, comprovando que a doença está, de fato, em recuo. Apesar disso, a pandemia não acabou e novas ondas ainda podem ocorrer, alertou a Fiocruz em seu último boletim.
O Estudo do Instituto Todos pela Saúde com base em amostras de laboratórios identificou aumento nos testes positivos de 6,2% para 11,7%, em um período de 15 dias. No dia 29 de abril, a média diária de mortes subiu para 124, a maior em duas semanas. No Estado de São Paulo, a média diária de novas internações pela covid-19 foi de 155 na semana encerrada no dia 23, ante 146 na semana anterior.
Até o momento, 82,12% dos brasileiros estão imunizados com a primeira dose e 75,68% estão com esquema vacinal de duas injeções. Com relação a esse panorama, a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), acredita que o Brasil vive um momento diferente.
— Temos percentual baixo de pessoas com a dose de reforço, não temos campanha de comunicação eficaz, e muita gente tomou o esquema primário de vacinação há mais de um ano. Por outro lado, como já há praticamente 80% da população vacinada com o esquema primário, a chance de ter casos mais graves e mortes é muito menor — analisou.
Margareth Portela, pesquisadora do Observatório Covid da Fiocruz, tem visão semelhante e disse que não acredita que ocorra um aumento significativo de casos graves, mas alerta que o coronavírus continua em circulação no mundo.
— (A alta) é uma possibilidade, especialmente considerando o nível de flexibilização de medidas de proteção. De qualquer modo, não vejo como muito provável a onda mais grave — afirmou Margareth.
O último boletim da Fiocruz mostra que, de 10 a 23 de abril, houve redução de 36% nas taxas da intensidade de transmissão no país se comparado as duas semanas anteriores.
Para Alexandre Naime Barbosa, infectologista da Universidade Estadual Paulista (Unesp), enquanto boa parte da população mais vulnerável estiver protegida, não deve haver alta significativa de casos graves, mas não descarta um aumento de casos, apesar de não serem graves.
— Como a vida voltou ao normal, são possíveis pequenos repiques de casos ou mesmo quedas, a depender da circulação do vírus. Na população em geral, ainda faltam dados para dizer se precisaremos da quarta dose.
Regiões da Europa e dos Estados Unidos também têm apresentado crescimento de casos. Na China, foram impostas restrições e lockdown, o que gerou insatisfação de parte dos cidadãos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.