O mais recente boletim epidemiológico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta sexta-feira (29), destaca que os números de casos, hospitalizações e mortes por covid-19 mantêm tendência de queda - mas a pandemia ainda não acabou.
Se o coronavírus chegou a ser responsável por 95% das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em hospitais brasileiros, hoje é a causa de 35% dos casos. Os pesquisadores citam que, no Rio Grande do Sul, que sempre apresentou a ocupação hospitalar de todos os leitos de UTI no Sistema Único de Saúde (SUS), e não somente o uso de leitos para covid-19, não há mais sentido em considerar a ocupação geral dos leitos intensivos por conta da redução de vagas e da participação de internações por coronavírus.
"No Estado, o indicador divulgado (ocupação geral das UTIs), em crescimento, parece hoje muito mais revelar a retomada de atendimentos para outros problemas de saúde", dizem os pesquisadores.
Entre 10 e 23 de abril, destaca a Fiocruz, o Brasil registrou uma média de 14 mil casos diários, 36% menos do que duas semanas antes. Cerca de 100 brasileiros morreram diariamente, queda de 43% no mesmo período.
A instituição destaca que nenhum Estado demonstra tendência significativa de piora da epidemia, mas que há risco de piora em regiões de baixa vacinação. São Paulo, o Estado com melhor cobertura vacinal, tem 86% da população com duas doses e 57%, com três. Na outra ponta, Amapá, Roraima e Acre têm a pior vacinação do país, com cerca de metade dos habitantes com duas doses.
No Rio Grande do Sul, 79% de todos os gaúchos tomaram duas doses e 49,2% receberam o reforço, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS). O Estado chegou a atingir a segunda melhor vacinação do país, mas caiu para a sexta, segundo o portal coronavirusbra1.github.io, que compila dados estaduais.
"A ampliação da vacinação, atingindo regiões com baixa cobertura e doses de reforço em grupos populacionais mais vulneráveis (principalmente população mais idosa e pessoas imunocomprometidas) pode reduzir ainda mais os impactos da pandemia sobre a mortalidade e as internações", diz a Fiocruz, destacando que a vacinação de crianças segue baixa.
Os pesquisadores alertam que, em um cenário de menor demanda por internações, a idade avançada permanece como fator de risco para casos graves de covid-19. E pedem que governantes desenvolvam mais ativamente campanhas para convocar os brasileiros a se vacinarem.
O boletim da Fiocruz ainda pede que, em regiões com menos pessoas imunizadas, o passaporte vacinal siga exigido em prédios públicos e locais de trabalho e que as máscaras sejam obrigatórias em aglomerações e ambientes pouco ventilados, como transporte público.
Os cientistas ainda dizem que governos devem fortalecer o SUS, testar os brasileiros para a covid-19 de forma ativa, e não esperar pela busca no posto de saúde, além de fortalecer a vigilância epidemiológica.