Seguindo comportamento nacional, o Rio Grande do Sul consolida tendência de melhora da epidemia de covid-19 em abril, mas em patamar abaixo do registrado em outros Estados brasileiros nos últimos dias, mostram dados do Palácio Piratini deste domingo de Páscoa (17).
Em média, 1.750 gaúchos pegaram covid-19 diariamente nos últimos sete dias, queda de 30% frente a duas semanas atrás. Mas a média começa a estabilizar recentemente, em patamar até 10 vezes acima do fim de dezembro, antes da variante Ômicron, como mostra o gráfico a seguir.
Os dados são por data de registro da infecção nos sistemas oficiais, indicador aconselhado por especialistas para averiguar a tendência da pandemia.
Uma comparação com o resto do país mostra que o Rio Grande do Sul tem espaço para melhora. A taxa de infectados a cada 100 mil habitantes na última semana, indicador que leva em conta o tamanho da população, é a segunda maior do Brasil – atrás apenas de Goiás e cerca do dobro registrado em São Paulo e Rio de Janeiro. Isto é, se você é gaúcho, hoje seu risco é praticamente duas vezes maior de pegar covid-19 do que se fosse carioca ou paulista.
O número de hospitalizados em leitos clínicos, para casos de menor gravidade, se estabilizou, com crescimento de 2% em duas semanas – são 216 pacientes internados em todo o Estado.
Para Suzi Camey, professora de Epidemiologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Comitê Científico do Palácio Piratini, os sinais de estabilização da pandemia se fortalecem. Mas ela avalia ser improvável nova piora acentuada.
— A gente enxerga claramente que, na curva de leitos clínicos, paramos de cair e estabilizamos há mais de uma semana, em patamar alto. A causa disso é que os casos estão estabilizando também. Mas, se fosse para ter estourado (uma nova onda), seria quando houve flexibilização no uso de máscaras. Não acho que a gente deve voltar a crescer como em janeiro. Só com nova variante — afirma a epidemiologista.
Camey ainda destaca que a aplicação da terceira dose também estacionou no Rio Grande do Sul. Hoje, quase 79% da população recebeu duas doses e 48%, o reforço.
Ainda assim, o Rio Grande do Sul vem demostrando controle da transmissão viral. A despeito das flexibilizações, um terço dos municípios gaúchos não registrou nenhuma infecção na última semana, como mostrou GZH. É o caso de cidades como Cambará do Sul, Arambaré, Cândido Godói e Iraí.
Apenas 76 gaúchos estavam hospitalizados em UTIs com coronavírus em todo o Rio Grande do Sul neste domingo, melhora de 40% em duas semanas e menor registro desde abril de 2020. No pico da covid-19, o Estado chegou a ter 2,6 mil pessoas com caso gravíssimo.
A curva de mortes mantém queda. Em média, sete gaúchos morreram diariamente na última semana, 50% abaixo do registrado 14 dias atrás e patamar próximo ao fim de dezembro, como mostra o gráfico a seguir. No pico da pandemia, em março do ano passado, quando o sistema hospitalar colapsou, quase 300 pessoas perdiam a vida por dia.
A taxa de mortes por 100 mil habitantes do RS é a sétima mais alta do Brasil – a pior é em Goiás. Desde o início da pandemia, o Rio Grande do Sul registrou 2,3 milhões de casos e 39.205 mortes por coronavírus, o equivalente à população de Torres, no Litoral Norte.