Uma única dose contra o papilomavírus (HPV), causador do câncer de colo de útero, oferece uma proteção similar a duas doses em menores de 21 anos, asseguraram nesta segunda-feira (11) especialistas em política de vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os diferentes cânceres de colo de útero são quase todos provocados por uma infecção do papilomavírus, sexualmente transmissível.
Há vacinas desde meados dos anos 2000 contra este vírus, mas até agora são recomendadas duas doses.
Em vista dos últimos dados, o comitê de especialistas da OMS afirmou que uma única dose permite proteger às faixas etárias de 9 a 14 e de 15 a 20 anos.
Estas novas recomendações permitiriam que mais meninas e mulheres fossem vacinadas, "mantendo o nível de proteção necessário", afirmou o presidente deste comitê, o doutor Alejandro Cravioto durante coletiva de imprensa.
Embora também tenha informado que os planos nacionais de vacinação poderão continuar administrando duas doses se considerarem necessário.
Por outro lado, os especialistas da OMS continuam recomendando duas doses com seis meses de intervalo para as mulheres com mais de 21 anos.
– Para as pessoas imunodeprimidas, sobretudo com HIV, recomendamos duas doses, inclusive três – destacou Cravioto.
O câncer de colo de útero é o quarto que mais afeta as mulheres em todo o mundo. Em 2020, a cobertura vacinal com doses no planeta chegou apenas a 13% das mulheres. No mesmo ano, este câncer provocou a morte de 340.000 pessoas.
Cerca de 90% dos novos casos e das falecidas no mundo em 2020 estavam em países com renda média ou baixa.
– A opção de uma única dose é mais barata, consome menos recursos e é mais fácil de administrar – resumiu a doutora Princess Nothemba Simelela, vice-diretora-geral da OMS.
– Uma mulher morre a cada dois minutos por esta doença – lembrou o presidente do comitê a OMS.
Vacinação no Brasil
No Brasil, a vacina contra o HPV foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2014 para meninas de 11 a 13 anos, e em 2016, foi ampliada dos nove até os 14. Em 2017, a imunização foi aberta para os meninos de nove a 14 anos, colocando o país entre um dos primeiros da América do Sul a englobá-los na campanha. A vacinação consiste em duas doses com seis meses de intervalo.