Diante do grande número de pessoas com suspeita de dengue, as unidades de saúde de Porto Alegre estão restringindo a aplicação dos testes que detectam a doença. É uma medida de precaução para evitar que o estoque fique zerado, justificou nesta quinta-feira (28) a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), já que há um desabastecimento de matéria-prima a nível nacional.
A prioridade é testar casos suspeitos que se encaixam nos seguintes critérios: pessoas que moram em bairros onde não há surto de dengue, gestantes, crianças de até cinco anos, pessoas com risco de complicação ou com sinais de alarme - como alguém que chega com a gengiva sangrando ao atendimento e pessoas que viajaram a locais endêmicos. Essa medida está sendo adotada desde 26 de abril e é baseada em orientação do Ministério da Saúde.
Suspeitos que não se enquadram nesses parâmetros e residem em locais com transmissão sustentada do vírus serão automaticamente diagnosticados com dengue após avaliação clínica. Mas eles devem apresentar, além da febre alta, pelo menos dois sintomas ligados à doença, como náuseas, vômitos, manchas na pele, dor muscular, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, entre outros. Os bairros da Capital que registram surto são Jardim Carvalho, Cristal, Bom Jesus, Agronomia, Vila Nova, Ipanema, São José e Partenon.
Biomédica que coordena a parte de assistência laboratorial da Secretaria Municipal de Saúde, Gabriele Serra Brehm garante que a Capital ainda tem estoque de testes para identificar a dengue. Esses exames são comprados direto da empresa fabricante, que estaria sofrendo com a falta de insumos decorrente da crise provocada pela pandemia. Por isso, decidiu-se pela restrição.
— As fabricantes estão com problemas de matéria-prima para fabricar os testes para a dengue. Tivemos que criar uma medida protetiva para manter nosso estoque. Bairros onde há surto não é necessário fazer teste. Não podemos ter o desabastecimento que já vemos em outros locais — diz.
Diretor adjunto da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, o médico pediatra Benjamin Roitman, que acompanha de perto a fiscalização da dengue na Capital, garante que nem todos os casos precisam ser testados para chegar ao diagnóstico da dengue.
— Ontem (quarta-feira), por exemplo, recebemos 700 notificações de suspeita de dengue. Não temos como fazer 700 testes em um dia, temos que priorizar. Nem sempre precisa de exame para termos o diagnóstico da doença. A não ser que seja um caso grave. Estamos tentando ser criteriosos — diz.
A Secretaria Municipal de Saúde não divulga em quais unidades de saúde da Capital são realizados os testes. Mas garante que todas as 132 unidades estão preparadas para lidar com a doença. O paciente que procurar os locais passará por avaliação clínica e, se houver necessidade, será submetido ao teste. A pasta reforça que não é necessário ir aos pronto-atendimentos ou emergências dos hospitais.