Nesta quarta-feira (20), a família do chargista Angeli informou sua aposentadoria aos 65 anos de idade. O anúncio está relacionada com o diagnóstico de afasia, mesma doença que interrompeu a carreira do ator norte-americano Bruce Willis, aos 67 anos, em março deste ano. O artista tem 51 anos de carreira, quase 50 na Folha de S.Paulo.
Nas redes sociais do cartunista, a família publicou um comunicado oficializando a aposentadoria por questões de saúde e informa sobre novas publicações valorizando a obra de Angeli:
A doença que interrompeu a carreira do astro do cinema e do ilustrador brasileiro, ambas consideradas precoces, está relacionada a uma doença que pode afetar habilidades cognitivas, especialmente de comunicação. Mas o que é essa condição e como ela afeta?
De acordo com o guia Conversando sobre afasia: guia familiar, elaborado pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFA), o distúrbio caracteriza-se pelo comprometimento da linguagem após um dano cerebral, incluindo tanto a expressão quanto a compreensão, seja para fala, leitura ou escrita. Assim, o quadro tem como sintomas algumas complicações na fala, como frases incompletas, confusão na escolha das palavras, pronúncia incompreensível.
Essa dificuldade na comunicação pode variar de acordo com cada paciente. Em alguns casos, pode se manifestar pela dificuldade de lembrar determinadas palavras durante uma conversa. Em situações mais graves, pode impedir que o indivíduo elabore uma frase ou compreenda o que outras pessoas estão falando, havendo a possibilidade de que a habilidade de comunicação, como instrumento social, se perca.
Segundo a SBFA, a causa mais comum da afasia é o acidente vascular cerebral (AVC) no lado esquerdo do cérebro, que é o dominante para a função da linguagem na maioria das pessoas. Mas a condição também pode ser causada por fatores como traumatismo cranioencefálico (TCE), tumor cerebral, aneurisma e alguns tipos de demência, como as afasias progressivas primárias. Assim, não há como prever propriamente a afasia, mas somente as doenças que a desencadeiam.
Tipos de afasia
Conforme estabelece o Guia de Doenças e Sintomas do Hospital Albert Einstein, a forma que a afasia se manifesta em um paciente pode ser classificada de duas maneiras: fluentes e não fluentes.
Afásicos fluentes conseguem falar com facilidade, a estrutura das frases se mantém intacta, mas os significados ficam prejudicados. Há inclusão de palavras incompreensíveis, incorretas ou desnecessárias nas falas. Nesse caso, os pacientes costumam não entender o que está sendo falado e muitas vezes não percebem que as outras pessoas não conseguem compreendê-los.
Já afásicos não fluentes têm uma fala pausada e precisam de muito esforço para conseguir se expressar, apresentando dificuldade em encontrar palavras e formular frases conexas, pois algumas palavras são omitidas. O significado porém não é tão afetado, pois uma frase como "Estou com sono, quero dormir" pode ser expressada como "Sono dormir". Nesse tipo, os costumam ter consciência das suas dificuldades em se comunicar, o que pode gerar frustração.
Tratamento
O tratamento do quadro, em um primeiro momento, deve priorizar o tratamento da doença que o causou, como o AVC, por exemplo. A partir disso, tratamentos para a reabilitação da fala, como a fonoterapia podem auxiliar para reverter o quadro.
De acordo com SBFA, a recuperação da afasia a longo prazo depende da sua gravidade inicial, juntamente com a extensão e o local da lesão cerebral. Portanto, quanto mais leve e menor o dano cerebral, maiores as chances de recuperação da linguagem. A recuperação também pode ser influenciada pela idade do paciente e pelo nível de escolaridade, pois quanto maior o nível de estudo, maiores as chances de se restabelecer a comunicação, pela variedade do vocabulário e frequência de uso da língua, em hábitos como a leitura ou escrita.
*Produção: Isabel Gomes