O Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentaram nesta terça-feira (22) as primeiras vacinas contra a covid-19 totalmente produzidas em solo nacional. De forma simbólica, os imunizantes da AstraZeneca, fabricados na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, foram aplicados em seis pessoas pelo ministro Marcelo Queiroga durante um evento realizado em Brasília (DF).
O primeiro lote, com 550 mil doses, foi entregue ao governo federal neste mês. A remessa faz parte das 105 milhões de doses da vacina da Fiocruz contratadas pelo Ministério da Saúde para 2022 – dessas, 45 milhões são do imunizante nacional. Conforme a fundação realizar as entregas, a pasta distribui as doses para Estados e o Distrito Federal. Atualmente, os imunizantes da AstraZeneca são utilizados para dose de reforço na população adulta.
Até então, a Fiocruz precisava da China para receber o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima essencial para a fabricação da vacina, e envazar o imunizante no Brasil. A dependência, contudo, fez com que as entregas das doses ao Ministério da Saúde atrasassem no início de 2021, empacando com a campanha de vacinação coordenada pelo governo federal.
Em julho do ano passado, o insumo começou a ser produzido em Bio-Manguinhos, na sede da Fiocruz, na cidade do Rio de Janeiro. Desde então, passou por uma série de etapas de controle de qualidade e liberações nacionais e internacionais, que atestaram que o IFA brasileiro possui o mesmo padrão do produto original.
Seis meses depois, em janeiro deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da matéria-prima produzida pela Fiocruz no Brasil para a vacina da AstraZeneca.
Com o insumo nacional, a Fiocruz se desprende da dependência externa e coloca o Brasil em um patamar de autossuficiência na produção de imunizantes contra a covid, tanto para uso no Sistema Único de Saúde (SUS) como para exportação.
— Essa foi a principal aposta do governo federal. Foi a vacina com menor custo. E hoje nós podemos ter uma vacina que é segura, bastante eficaz, efetiva e que no Brasil teve resultados extraordinários — disse Queiroga.
Ex-ministro presente
A cerimônia de apresentação e aplicação das primeiras doses contra o coronavírus fabricadas no Brasil contou com a presença de diversas autoridades do alto escalão do governo federal. Entre eles, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o ministro da Cidadania, João Roma e ainda o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que hoje ocupa um cargo na Presidência da República.
Foi na gestão de Pazuello, na metade de 2020, que o governo Jair Bolsonaro decidiu investir no imunizante, o da AstraZeneca/Oxford, fechando contrato com a farmacêutica britânica por meio da Fiocruz.
No mesmo período, outro laboratório, a Pfizer, oferecia ao governo brasileiro as suas vacinas, mas, na época, a farmacêutica foi ignorada – o caso foi revelado na CPI da Covid no Senado.