Um estudo inédito da Fiocruz evidenciou que crianças de até três anos de idade com a Síndrome Congênita do Zika Vírus têm 11 vezes mais risco de morrer em relação às que não têm a doença.
Coordenada pela Fiocruz, a pesquisa foi publicada no The New England Journal of Medicine e faz parte da pesquisa Plataforma de Vigilância de Longo Prazo para Zika e suas Consequências, coordenada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).
Segundo o instituto, o estudo teve como objetivo comparar a mortalidade entre crianças com e sem a síndrome, considerando-se também a idade gestacional no nascimento do bebê e o seu peso. A identificação das principais causas de mortes de crianças com a doença também é um ponto importante da pesquisa.
Os nascidos durante os 26 meses de análise e os dados de mais de 11 milhões de nascidos e cadastrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), foram analisados durante o período dos anos 2015 e 2018. O primeiro ano foi quando a epidemia atingiu o pico no Brasil. O zika pode se dissipar de diversas formas, de sequelas clínicas como a epilepsia, até anomalias estruturais, com a microcefalia.
O estudo apontou que o risco de morte de crianças entre um e três anos de idade com zika é até 22 vezes maior do que entre as crianças sem a doença. Os bebês de até 28 dias de vida têm sete vezes mais possibilidade de morrer do que crianças sem a síndrome.
A autora do estudo, Enny Paixão, afirma que os resultados são preocupantes, entretanto, importantes para esclarecimento de causas de morte destas crianças:
— Quando entendemos essas causas podemos pensar nos mecanismos que podemos utilizar para evitar que essas mortes aconteçam, para que a gente melhore a sobrevivência e qualidade de vida dessas crianças. Assim, podemos criar protocolos mais efetivos, o que é de extrema importância — destacou.