O diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, admitiu no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, desta quinta-feira (13), que dificilmente a prefeitura da Capital conseguirá saber exatamente quantas doses de vacina contra a covid-19 foram aplicadas durante o apagão de dados provocado por uma série de ataques aos sistemas do Ministério da Saúde em dezembro. Os últimos dados digitalizados são da semana dos dias 10 a 15 do mês passado.
— Voltamos praticamente à idade da pedra. Temos que contar papelzinho, criar planilha... Isso realmente nos deixa um pouco às cegas. Mas, com certeza, pela baixa mortalidade, nós acreditamos que tenham muitas pessoas vacinadas. Hoje, mais de 90% da população acima dos 12 anos já tomaram as duas doses. A gente não sabe, de fato, o quantitativo que está hoje— afirmou.
Mesmo com o restabelecimento, na última segunda-feira (101), da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), principal sistema de integração de informações do Ministério da Saúde com Estados e municípios, alguns serviços seguem com problemas. Entre eles, o Open DataSUS, usado para monitoramento da doença no país. A plataforma possui dados abertos do Sivep-Gripe e do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), que reúne os números de hospitalização de casos de gripe e covid-19 e também da vacinação no país.
Sem poder digitalizar as informações, os funcionários das unidades de saúde e das farmácias parceiras anotaram "tudo no papelzinho". A expectativa da SMS era fazer um mutirão, ainda neste mês de janeiro, para colocar tudo em dia. Mas o avanço dos casos de coronavírus e de gripe fez com que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mudasse os planos. O foco agora, segundo Ritter, é garantir a testagem da população.
— Hoje a preocupação maior é com as pessoas. Oferecer o teste, dar segurança a elas. Porque quando a pessoa não sabe ela acaba expondo a ela e outras pessoas. Reforço que as pessoas procurem as mais 130 unidades de saúde de Porto Alegre — completou.
Segundo Ritter, somente nesta quarta-feira (12), 6 mil pessoas foram testadas em Porto Alegre. Ele alerta que apesar da variante Ômicron ser menos agressiva e que grande da população esteja vacinada, ainda é preciso redobrar os cuidados.
— O teste não é um passaporte para fazer o que quiser. A gente tem que se conscientizar para voltar aquele nível de cuidado. Vamos que as pessoas relaxaram. Vivemos a epidemia do vacinados porque as pessoas relaxaram — disse.
Vacinação de crianças
O Ministério da Saúde recebeu na madrugada desta quinta-feira (13) o primeiro lote de 1,2 milhão de vacinas contra a covid-19 da Pfizer para crianças. Desse total, 59 mil doses vêm para o Rio Grande do Sul, o que permitirá ao Estado iniciar, na próxima semana, a imunização do público de cinco a 11 anos.
Sobre a estratégia que a prefeitura de Porto Alegre adotará, Ritter pontou que o início está confirmado para a próxima quarta-feira (19). Os detalhes da operação, no entanto, ainda estão em discussão com as equipes envolvidas e devem ser divulgados na sexta-feira.